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Durante visita a Paris neste sábado (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou estar confiante de que o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia será assinado ainda sob a presidência rotativa do Brasil no bloco sul-americano. Em declaração a jornalistas, Lula disse acreditar que a negociação será concluída com sucesso: “Estou convencido de que até eu deixar a presidência do Mercosul nós vamos ter esse acordo assinado, com todo mundo sorrindo”.
Apesar do otimismo, o presidente reconheceu as resistências de alguns países europeus, em especial da França. Segundo Lula, ele voltou a pedir apoio diretamente ao presidente Emmanuel Macron. “A França não tem nenhum melhor amigo na América do Sul que o Brasil e o Brasil não tem outro melhor amigo na Europa que não seja a França. Porque dois amigos não podem fazer um acordo?”, questionou. “Se tiver problemas, vamos sentar numa mesa, conversar e acabar com isso”, completou.
Lula também enquadrou o acordo entre os blocos como uma resposta geopolítica. “Vamos mostrar que o multilateralismo vai sobreviver”, disse, em referência ao ex-presidente norte-americano Donald Trump e sua postura protecionista.
Durante a visita, o presidente destacou ainda o compromisso de investimento anunciado por 15 das maiores empresas francesas no Brasil, estimado em US$ 100 bilhões ao longo dos próximos cinco anos. “Não sei quanto estou gastando, porque não sou eu que cuido disso, mas sei quanto estou levando de volta ao Brasil”, afirmou. “Isso é muito relevante para um país que precisa deixar de ser pequeno e se colocar como grande”, acrescentou.
Lula também criticou o volume atual de comércio entre Brasil e França, que gira em torno de US$ 9 bilhões por ano. “Fui dizer ao presidente da França que é uma vergonha. Acho que o Brasil, de vez em quando, se comporta em relação aos países europeus como se fôssemos colonizados ainda e subservientes”, afirmou.
Para contornar resistências no setor agrícola francês, Lula disse ter proposto a Macron a realização de encontros entre produtores rurais dos dois países, especialmente os pequenos e médios. “Ao invés de antagonismo, a nossa agricultura pequena e média possivelmente tenha muita complementaridade”, avaliou.
“Longe de mim querer prejudicar o pequeno agricultor francês”, disse. “Não quero que a gente pare de comprar vinho da França, embora a gente produza vinhos, de comprar champanhe, embora a gente produza também, de comprar queijo. Política comercial é uma via de duas mãos.”
Por fim, o presidente destacou que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem autoridade para assinar o acordo, independentemente da posição francesa. “Acho que o Parlamento Europeu aprova o acordo. Mas não quero que seja um acordo que as pessoas fiquem de cara feia, porque aí não é acordo”, concluiu Lula.
