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Pela primeira vez na história dos levantamentos do IBGE, o estado de São Paulo registrou saldo migratório negativo, com mais pessoas deixando o estado do que chegando de outras partes do país. Segundo os dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (27), entre 2017 e 2022, o estado recebeu 736 mil migrantes de outras unidades da federação, mas perdeu 826 mil moradores — um saldo negativo de 90 mil pessoas.
Apesar da saída líquida, São Paulo segue como o principal polo migratório do país. No entanto, os dados refletem uma mudança significativa nas dinâmicas populacionais, especialmente na região Sudeste, que teve seu primeiro saldo regional negativo desde 1991. O Rio de Janeiro também apresentou perda no saldo migratório interno, com 165,3 mil pessoas deixando o estado no mesmo período.
“O Sudeste deixa de ser a região com maior saldo migratório positivo e passa a perder população para outras regiões”, afirmou Marcelo Dantas, analista do IBGE responsável pela divulgação da pesquisa.
Enquanto isso, o Sul do país ganhou protagonismo. Santa Catarina se destacou com o maior saldo migratório do país, atraindo 354 mil novos moradores entre 2017 e 2022. O crescimento equivale a 4,66% da população total do estado, que vem ganhando destaque como destino de migrantes internos — superando, pela primeira vez, o patamar historicamente ocupado por São Paulo.
Imigração internacional também cresce
O Censo também identificou crescimento expressivo no número de estrangeiros vivendo no Brasil. Entre 2010 e 2022, o total de residentes nascidos fora do país subiu de 592 mil para 1 milhão — um aumento de 70,3%. É o maior número absoluto desde 1980, quando o país tinha 1,1 milhão de estrangeiros ou brasileiros naturalizados.
Grande parte desse crescimento se deve ao fluxo migratório vindo da América Latina, especialmente da Venezuela. Em 2010, latino-americanos representavam 183 mil residentes; em 2022, passaram a ser 646 mil. Apenas os venezuelanos somam 272 mil, ultrapassando os portugueses, que ocupavam a primeira posição em 2010 e hoje são o segundo maior grupo de origem estrangeira no Brasil, com 203 mil.
“Essa inversão mostra como o Brasil passou a ser destino de grandes fluxos humanitários, como o venezuelano, especialmente a partir de 2015”, destacou Marcio Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE.
O levantamento confirma não apenas uma mudança no perfil migratório entre estados brasileiros, mas também uma reconfiguração da presença estrangeira no país, com predomínio crescente de imigrantes latino-americanos e queda proporcional da imigração europeia.
