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A SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk, lançou nesta terça-feira (10), às 6h25, o foguete que será utilizado na primeira caminhada espacial da história em uma missão privada. A decolagem ocorreu no Kennedy Space Center, base da NASA na Flórida, nos Estados Unidos. O lançamento do Falcon 9 foi adiado duas vezes no final de agosto devido a previsões meteorológicas desfavoráveis. Desde então, as equipes da SpaceX monitoravam as condições para identificar janelas de lançamento adequadas.
A missão, batizada de Polaris Dawn, pode alcançar outro marco: atingir 1.400 km de altitude, o ponto mais distante da Terra alcançado por humanos desde o fim do programa Apollo em 1972. Em comparação, a Estação Espacial Internacional (ISS) orbita a 420 km da Terra. A missão, que terá a duração de cinco dias, contará com quatro civis a bordo. No terceiro dia, dois passageiros poderão sair da nave e flutuar no espaço a uma altitude de 700 km.
Essa é a primeira missão do programa Polaris, liderado pelo bilionário Jared Isaacman, um dos passageiros. A SpaceX prevê mais duas missões no âmbito desse programa, incluindo uma com a nave Starship, a maior nave espacial do mundo.
A caminhada espacial exigirá uma preparação especial nas 45 horas anteriores ao evento. Os tripulantes passarão por um processo de “pré-respiração” para eliminar o nitrogênio do sistema circulatório, o que pode bloquear o fluxo sanguíneo. Antes da saída, a Crew Dragon será despressurizada e exposta ao vácuo do espaço. Para a atividade extraveicular (EVA), os astronautas usarão trajes desenvolvidos pela SpaceX, feitos com materiais utilizados em foguetes, com visor de última geração, câmera acoplada no capacete e design que oferece maior mobilidade.
A SpaceX e a equipe da Polaris Dawn previram diversos cenários de contingência, como vazamento de oxigênio ou falhas na vedação da nave, para garantir a segurança dos tripulantes.
Entre os passageiros estão Jared Isaacman, comandante da missão e CEO da empresa americana de pagamentos Shift4; Scott Poteet, piloto e tenente-coronel aposentado da Força Aérea dos EUA; Sarah Gillis, engenheira de operações espaciais da SpaceX e responsável pelo treinamento de astronautas; e Anna Menon, engenheira de operações espaciais e médica, também da SpaceX. Isaacman, que tem uma fortuna estimada em US$ 2 bilhões, foi o único da tripulação a participar de um voo espacial anterior, a missão Inspiration4, em 2021, quando civis orbitaram a Terra sem a presença de astronautas profissionais.
Isaacman está financiando o programa Polaris, e, embora não tenha revelado o valor total investido, estima-se que tenha chegado a US$ 100 milhões, de acordo com a Reuters. Os tripulantes passaram dois anos se preparando para a missão, com treinamentos de paraquedismo, pilotagem de aeronaves e voo em gravidade zero.
Além do objetivo turístico, a missão irá conduzir 36 experimentos científicos, incluindo um em parceria com a Universidade do Colorado, que usará lentes de contato inteligentes para estudar os efeitos da alta altitude sobre a pressão intraocular. O foco é investigar a Síndrome Neuro-ocular Associada a Viagem Espacial (SANS), condição que pode alterar a capacidade de foco e causar danos permanentes à visão devido ao deslocamento de fluidos corporais para a cabeça em ambiente de microgravidade.