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O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta terça-feira (22) que a autarquia está “bastante incomodada” com o cenário inflacionário do Brasil, que permanece fora da meta estipulada. “Obviamente estamos todos no Banco Central bastante incomodados”, disse Galípolo durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.
Galípolo ressaltou que, apesar de a inflação estar acima da meta de 3% para 2024, o cenário atual é significativamente melhor do que o período anterior ao Plano Real. “Esse processo inflacionário foi superado a partir de 1994, com o Plano Real, obviamente estamos todos no Banco Central bastante incomodados de não estarmos cumprindo a meta, estarmos fora da meta, porém estamos falando de um patamar de inflação muito anterior do que estávamos discutindo antes e muito mais próximo que a gente vê com as economias avançadas e com as economias emergentes”, declarou.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, ficou 4,83% acima da meta de 3% prevista para 2024, ultrapassando inclusive o intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Durante sua apresentação aos senadores, Galípolo também indicou o interesse em reduzir a taxa de juros (Selic), mas enfatizou que essa mudança depende da implementação de outras reformas. “A normalização da política monetária vai demandar uma série de reformas contínuas, muitas vezes reformas que não estão simplesmente dentro da alçada do Banco Central e que não vamos ter uma bala de prata disponível, vai demandar bastante debate com a sociedade, discussão, para que a gente possa conquistar isso”, afirmou.
Além disso, Galípolo alertou que o “tarifaço” implementado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode “bagunçar” o trabalho do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. Segundo ele, a autoridade monetária norte-americana estava conseguindo implementar uma “aterrissagem suave” ao entregar à sociedade inflação em queda e atividade econômica aquecida.
Galípolo elogiou o trabalho do presidente do Fed, Jerome Powell, que enfrentou duas crises significativas, a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia, e conseguiu manter a estabilidade econômica. “[Powell] Estava conseguindo entregar algo que é raro de a gente ver na prática, que é uma aterrissagem suave. Ele tem o duplo mandato e estava entregando uma inflação que vinha convergindo gradativamente para a meta com uma economia aquecida em pleno emprego e com a exuberância que via em todos os mercados, tanto de dívida quanto de ações”, disse.
O presidente do BC também mencionou as incertezas no cenário econômico global, indicando que os efeitos das pressões inflacionárias e da atividade econômica continuam sendo um tema de debate. Ele destacou duas possíveis direções: uma desaceleração mais forte que provoque desinflação e exporte desinflação para o mundo todo, ou uma desaceleração mais acentuada que provoque uma aversão a risco e corrida para ativos mais seguros. “O Powell tem reiterado que o mandato [de integrante do Fed] é de estabilidade monetária e eles têm esse comprometimento com a perseguição da estabilidade monetária”, declarou Galípolo.
