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Uma operação sofisticada que combinava tecnologia avançada e táticas de jogo tradicionais resultou na fraude de $ 7 milhões (cerca de R$ 35 milhões) contra jogadores de alto poder aquisitivo. Segundo o jornal The New York Post, a denúncia, revelada em uma acusação formal nesta quinta-feira (23), aponta o envolvimento de mafiosos de Nova York e ex-estrelas da NBA em um esquema de jogos de pôquer clandestinos.
De acordo com os promotores, a farsa dependia de “tecnologias sem fio avançadas” e uma rede de operadores que monitoravam os jogos remotamente. Esses operadores se comunicavam com cúmplices plantados dentro da sala de pôquer, que se passavam por jogadores comuns.
Tecnologia para Trapacear
O centro do esquema envolvia máquinas de embaralhar cartas adulteradas. Segundo a denúncia, mafiosos de quatro das Cinco Famílias de Nova York teriam equipado essas máquinas com leitores de cartas e analisadores computadorizados.

Um embaralhador de cartas equipado com um leitor e analisador que informava ao operador remoto as melhores mãos. Procurador dos EUA / EDNY
“Nos ‘Jogos Fraudados’, os membros das Equipes de Trapaça usaram máquinas de embaralhar cartas que supostamente embaralhavam as cartas aleatoriamente para garantir a justiça”, diz a acusação. “No entanto, as Máquinas de Embaralhar Fraudadas foram secretamente alteradas para usar tecnologia oculta.”
Essa tecnologia transmitia as melhores mãos para um operador fora da sala. Em seguida, o operador enviava uma mensagem por celular para um comparsa na mesa de pôquer, que usava “sinalização secreta” para orientar os outros trapaceiros sobre como jogar e apostar para manipular a vítima.
Outras táticas incluíam:
- Mesas com Câmeras: Utilização de mesas de pôquer com superfícies equipadas com câmeras de Raio-X que podiam ler as cartas viradas para baixo.
- Celulares Iscas: Uso de “telefones celulares iscas” capazes de ler e analisar cartas.
- Óculos Especiais: Marcação de cartas de pôquer com sinais visíveis apenas para jogadores que usavam óculos ou lentes de contato especiais, permitindo que os trapaceiros jogassem com vantagem total na frente das vítimas.
A acusação aponta que grande parte dessa tecnologia está “amplamente disponível online”, com sites anunciando esses equipamentos de fraude.

Billups foi visto jogando pôquer em 2019 com os suspeitos Sophia Wei (centro) e Saul Becher (atrás). (Foto/ NYPost)
Atraindo as Vítimas e o Envolvimento da NBA
A fraude começava bem antes de as vítimas, conhecidas no círculo criminoso como “peixes”, sentarem-se à mesa. Os mafiosos as atraíam para os jogos secretos utilizando ex-jogadores da NBA, conhecidos como “cartas de rosto”.
Entre os envolvidos neste papel estaria Chauncey Billups, Hall of Famer e atual técnico do Portland Trail Blazers. Os ex-jogadores estariam cientes do esquema e receberiam uma parte dos lucros ilícitos.
Em alguns jogos, todos os participantes da mesa, exceto o alvo, faziam parte da conspiração, perdendo e ganhando mãos conforme necessário para enganar a vítima e fazê-la apostar mais e mais.
Após o término dos jogos – uma série de partidas no verão de 2023 rendeu $ 1,8 milhão de uma única vítima –, os mafiosos usavam “ameaças e intimidação” para garantir que os perdedores pagassem.
“Por meio do Esquema de Pôquer Fraudado, os réus e seus co-conspiradores fraudaram Vítimas em milhões de dólares,” afirma a acusação do procurador dos EUA para o Distrito Leste de Nova York.
“As Vítimas do Esquema acreditavam que estavam participando de jogos de pôquer ilegais ‘honestos’ e que estavam jogando contra outros participantes em pé de igualdade. Na realidade, no entanto, os réus e seus co-conspiradores, que constituíam os demais participantes supostamente jogando nos jogos de pôquer, trabalhavam juntos em equipes de trapaça”, complementa o documento.
A conspiração, que começou pelo menos em 2019, envolveu membros das famílias criminosas Lucchese, Genovese, Gambino La Cosa Nostra e Bonanno. Mais de 30 pessoas foram acusadas no esquema de pôquer, com jogos realizados em Manhattan, Hamptons, Las Vegas e Miami.