A Argentina que enfrenta uma taxa de inflação superior a 100% este ano, anunciou na terça-feira (11), a criação de duas novas versões do dólar: o “dólar Coldplay” e o “dólar Qatar”. A medida tem como objetivo estimular o setor de eventos e impedir a saída de divisas do país.
A moeda oficial da Argentina é o peso, mas o olho está sempre no dólar americano. A Argentina deve cuidar das reservas do Banco Central, ou seja, do dinheiro que o país tem em moeda estrangeira. Mas, além disso, a taxa de câmbio é usada como termômetro para medir a saúde da economia local e muitas crises gravaram na memória coletiva que qualquer desvalorização repentina do peso é um sinal de que as coisas não estão indo bem e podem ir piorar muito mais.
O governo de Alberto Fernández mantém oficialmente a moeda local em um valor relativamente alto – um dólar é trocado por 157 pesos nesta quarta-feira -, mas colocou tantas barreiras para comprar a moeda americana a esse preço que obtê-la é quase uma ilusão. A estratégia da equipe econômica liderada por Sergio Massa é desvalorizar por região. Depois de liquidar um ‘dólar de soja’ a 200 pesos em setembro que injetou quase 5.000 dólares em reservas e lançar um ‘dólar tecnológico’ na semana passada que beneficia a indústria do conhecimento, duas novas diferenças foram anunciadas nesta quinta-feira. foi nomeado o ‘dólar do Catar’. ‘ e ‘Coldplay Dollars’.
A primeira delas, que leva o nome da sede da Copa do Mundo que acontecerá no final de novembro, chega ao bolso dos argentinos que querem fazer uma turnê fora da Argentina. Aqueles que gastam mais de US$ 300 por mês no exterior com cartões de crédito e débito terão que pagar mais impostos do que já aplicam. A taxa de câmbio do dólar turístico era de 257 pesos por dólar e agora é de 314 pesos.
Com essa medida, o governo busca desestimular viagens e compras no exterior para reduzir os mais de US$ 500 milhões por mês perdidos com o turismo de saída e o déficit na balança cambial. Segundo dados oficiais, nos primeiros oito meses de 2022, o turismo emissor foi o setor de serviços que mais gastou com US$ 4.911 milhões. Em contrapartida, as receitas em divisas do turismo receptivo foram de apenas 282 milhões nesse período.
O ‘Coldplay Dollar’, que leva o nome de dez shows que bandas britânicas farão na Argentina nas próximas semanas, encarece a contratação de artistas no exterior, com preço em dólares de 204 pesos. Essa decisão aumentará a entrada de bandas internacionais em shows e festivais. Por exemplo, a taxa de adesão e serviço do Lollapalooza 2023 foi de US$ 280 (57.500 pesos), o que excede o salário mínimo (54.550 pesos).
Até a reforma anunciada, os organizadores desse tipo de evento usavam moedas no valor oficial, embora com prazo de 180 dias, o que já significava uma certa desvalorização, dada a desvalorização modesta, mas contínua do peso oficial e a inflação crescente. país, que já está próximo de 80% ano-a-ano.
Finalmente, o governo também anunciou que o pagamento de bens de luxo adquiridos no exterior será cobrado de um dólar a 300 pesos, por uma assunção adicional de 25% dos bens pessoais sujeitos a outros impostos, como o PAIS e o Quatro. Cinco. %. conta de. Aviões, barcos de recreio, pedras preciosas, relógios de última geração e máquinas caça-níqueis são alguns dos itens incluídos na nova taxa. Junto com eles, o governo quer reduzir a importação daqueles itens que não são essenciais para a produção.
“Queremos cuidar das reservas. Considere o dólar para investimento, não para fuga”, disse Carlos Castagneto, chefe da Previdência Social Argentina (AFIP), à mídia. Com os novos anúncios, a Argentina passou a ter pelo menos 14 taxas de câmbio diferenciadas, cada uma vinculada a diferentes impostos e valores.
“Já estou perdido, não sei que tipo de dólares são”, disse hoje o prefeito da oposição Horacio Rodríguez Larreta, prefeito de Buenos Aires, em comunicado.
Rodríguez Larreta acusou o governo Fernández de ser reformista e alertou que “é impossível alguém investir na Argentina se não sabe se tem dólares do Coldplay ou do Qatar…”. “Acho que temos que agir rápido, mostrar para onde estamos indo, ter uma visão de longo prazo”, disse.
A equipe econômica, comandada por Sergio Massa, está tentando insuflar o máximo de oxigênio possível na economia antes das eleições presidenciais do ano que vem. No entanto, a previsão no contexto internacional marcado pela estagnação da economia mundial e aumentos gerais de preços não é otimista. O Fundo Monetário Internacional estima que o PIB da Argentina crescerá 2% em 2023, metade deste ano, e a inflação permanecerá em torno de 60%, a mais alta do mundo.
Com informações do El Pais
