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O Banco Central Europeu (BCE) reduziu sua taxa de juros nesta quinta-feira diante da desaceleração da inflação e do crescimento estagnado da economia da zona do euro, com atenção voltada para a agenda protecionista do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O BCE cortou sua taxa de depósito em mais 0,25 ponto percentual, para 2,75%, em sua quinta redução desde junho do ano passado – uma decisão amplamente esperada pelo mercado.
A medida contrasta com a mais recente decisão do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.
Com a economia americana crescendo a um ritmo bem mais acelerado que a da zona do euro, o Fed manteve sua taxa de juros inalterada na quarta-feira e indicou que não tem pressa para fazer ajustes, apesar da pressão de Trump por novos cortes.
Nos últimos anos, o BCE elevou os custos de empréstimos de forma agressiva para conter a alta dos preços de energia e alimentos. Agora, com a inflação perdendo força e a economia europeia fragilizada, o banco opta por voltar a reduzi-los.
Apesar do recente aumento da inflação – que subiu para 2,4% em dezembro, acima da meta de 2% do BCE –, as autoridades acreditam que a pressão sobre os preços deve diminuir ao longo de 2025. O foco agora está na recuperação do crescimento na zona do euro, composta por 20 países.
Após o anúncio do corte de juros, a presidente do BCE, Christine Lagarde, alertou que a economia europeia terá dificuldades para se recuperar ao longo do ano, após estagnar no fim de 2024.
“A economia da zona do euro continuará fraca no curto prazo”, disse Lagarde em coletiva de imprensa. Ela ressaltou que a política monetária do BCE “segue restritiva”, indicando que os juros elevados ainda atuarão como um freio ao crescimento.
No entanto, Lagarde sinalizou que o BCE continuará no caminho dos cortes de juros. “Sabemos a direção que devemos seguir”, afirmou.
A maioria dos analistas espera que o BCE reduza as taxas novamente na próxima reunião, marcada para março.
Crescimento estagnado
Dados divulgados antes da reunião do BCE mostraram que a economia da zona do euro registrou crescimento zero no último trimestre de 2024, pressionada pelas contrações nas economias da França e da Alemanha, contrariando expectativas de uma leve expansão.
Em comunicado, o BCE afirmou que o processo de redução da inflação está “bem encaminhado” e que a taxa deve voltar à meta de 2% ao longo deste ano.
O banco reconheceu que a economia “ainda enfrenta desafios”, mas destacou que o aumento da renda real e o enfraquecimento gradual dos efeitos da política monetária restritiva devem impulsionar uma recuperação da demanda com o tempo.
Alemanha e França puxam a zona do euro para baixo
A economia da zona do euro tem sido afetada por fatores como os altos custos de energia e a desaceleração da indústria. Em 2024, o crescimento do bloco foi de apenas 0,7%, segundo dados oficiais.
A Alemanha, maior economia da zona do euro, enfrenta dificuldades e ainda lida com turbulências políticas. O país se prepara para eleições antecipadas no próximo mês, após o colapso do governo em Berlim.
A situação política na França também adiciona incertezas. Um novo governo assumiu em dezembro, após a destituição do gabinete anterior, aumentando a instabilidade econômica.
O impacto da possível volta de Trump
O maior fator de incerteza para 2025, no entanto, é a possível volta de Donald Trump à Casa Branca.
Trump já ameaçou impor tarifas generalizadas sobre todas as importações para os Estados Unidos, incluindo produtos da União Europeia. A medida poderia atingir duramente a economia da zona do euro.
Um aumento nas tensões comerciais também poderia reacender a inflação nos Estados Unidos e em outros mercados, dificultando ainda mais o trabalho dos bancos centrais para manter os preços sob controle.
