Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão. Telegram: [link do Telegram]
WhatsApp: [link do WhatsApp]
O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou neste domingo (13) que a recente isenção tarifária concedida a produtos eletrônicos de consumo pode ter prazo curto. Segundo ele, dispositivos como smartphones e notebooks poderão ser novamente taxados em até dois meses.
“A medida apenas exclui esses itens das tarifas recíprocas”, explicou Lutnick durante entrevista ao programa This Week, da emissora ABC. “Mas eles continuam incluídos nas tarifas sobre semicondutores, que devem entrar em vigor dentro de um ou dois meses.”
Ao ser questionado se os iPhones, por exemplo, poderiam voltar a ser tarifados em breve, o secretário foi direto: “Correto. É isso mesmo… Precisamos que nossos medicamentos, semicondutores e eletrônicos sejam produzidos nos Estados Unidos.”
A declaração ocorre dois dias após o governo Trump anunciar, na noite de sexta-feira, a exclusão temporária de produtos como smartphones, notebooks, discos rígidos, monitores e alguns chips dos altos impostos de importação. A medida foi comemorada por grandes empresas do setor e também pelos mercados financeiros.
A Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA confirmou que esses eletrônicos não serão afetados nem pelos atuais 145% de tarifas sobre produtos chineses nem pelos 10% que incidem sobre bens de outros países. Máquinas utilizadas na fabricação de semicondutores também foram excluídas da lista de produtos tarifados.
Durante um voo no Air Force One no sábado à noite, o ex-presidente Donald Trump afirmou que dará mais detalhes sobre as isenções nesta segunda-feira. “Estamos ganhando muito dinheiro com isso. Antes era o contrário. Outros países, especialmente a China, estavam ganhando muito”, disse Trump.
Retorno da produção para os EUA é improvável
A decisão de isentar os eletrônicos parece refletir o reconhecimento, por parte do governo americano, de que é improvável que tarifas consigam, no curto prazo, forçar empresas como a Apple a transferirem suas fábricas da China para os Estados Unidos.
Segundo especialistas, esse tipo de realocação demandaria anos de planejamento e bilhões de dólares em investimentos, além de enfrentar obstáculos logísticos e econômicos que poderiam até triplicar os preços de produtos como o iPhone.
China reage e pede fim das tarifas
Em resposta, o governo chinês declarou neste domingo que as isenções anunciadas pelos EUA são apenas um “pequeno passo” e pediu a eliminação completa das tarifas. “Instamos os Estados Unidos a corrigirem seus erros, eliminarem completamente as tarifas recíprocas e retornarem ao caminho do respeito mútuo”, disse o Ministério do Comércio da China, em nota oficial.
A pasta também criticou as tarifas adotadas por Trump, alegando que elas não resolveram nenhum problema econômico dos EUA e, ao contrário, “prejudicaram seriamente a ordem econômica e comercial global”. Segundo dados da alfândega americana, os produtos temporariamente isentos representam mais de 20% das importações dos EUA provenientes da China.
A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo ganhou novos contornos nas últimas semanas, após Trump anunciar tarifas radicais — de até 145% sobre bens chineses — e Pequim responder com tarifas de retaliação de 125%.
Na sequência da reação negativa dos mercados globais, o ex-presidente anunciou uma prorrogação de 90 dias das tarifas para a maioria dos países, mas a China ficou de fora. As isenções divulgadas na sexta-feira representam uma nova tentativa de ajuste na política comercial americana.
Indústria de tecnologia deve se beneficiar
A decisão de excluir eletrônicos deve beneficiar empresas como Apple, Samsung e fabricantes de chips como Nvidia, e pode impulsionar as ações do setor tecnológico quando o mercado financeiro americano reabrir nesta segunda-feira.
Em nota divulgada no sábado, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, evitou comentar diretamente sobre as isenções, mas reiterou que a administração Trump continuará pressionando para que a produção de tecnologia crítica retorne aos Estados Unidos.
“O presidente Trump deixou claro que os EUA não podem depender da China para fabricar semicondutores, chips, smartphones e notebooks”, afirmou Leavitt, destacando que o país já garantiu investimentos de empresas como Apple, TSMC e Nvidia.
Xi Jinping em ofensiva diplomática
O anúncio das isenções coincidiu com o início da visita de cinco dias do presidente da China, Xi Jinping, ao Sudeste Asiático. Xi terá encontros com líderes do Vietnã — potência emergente na fabricação de eletrônicos —, além da Malásia e do Camboja.
A viagem acontece após Xi defender que China e Europa devem resistir às “práticas unilaterais de intimidação” por parte de outras nações, em referência indireta aos Estados Unidos.
Apesar da disposição da China para o diálogo, o governo americano afirma que espera que Pequim dê o primeiro passo para a retomada de negociações comerciais.
