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O governo dos Estados Unidos afirmou nesta sexta-feira, após o término da quinta rodada de negociações com o Irã sobre seu programa nuclear, realizadas em Roma, que as conversas continuam avançando de forma “construtiva”, embora ainda persistam diferenças significativas que impedem a conclusão de um acordo.
“Avançamos, mas ainda há trabalho a ser feito”, declarou à agência EFE um alto funcionário americano que preferiu não ser identificado.
As negociações, realizadas na embaixada de Omã em Roma, duraram mais de três horas e incluíram trocas diretas e indiretas entre as delegações dos dois países. Omã, que atua como mediador, foi reconhecido por Washington pelo papel de facilitar o diálogo. Ainda não foi definida a data nem o local para a próxima rodada de conversas.
O principal ponto de conflito permanece o enriquecimento de urânio pelo Irã. Os EUA exigem o seu fim total, enquanto Teerã insiste em mantê-lo para fins civis. O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, reiterou nos últimos dias que o “enriquecimento zero” é uma “linha vermelha” para o governo de Donald Trump, posição que tem sido duramente criticada por autoridades iranianas, incluindo o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, que qualificou a exigência como um “absurdo”.
Segundo o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, as negociações, iniciadas em 12 de abril, são “muito complexas” para serem resolvidas em poucas reuniões. “Ainda não chegamos lá, mas também não estamos desanimados”, afirmou em entrevista à TV estatal iraniana, classificando a rodada em Roma como “uma das mais profissionais”.
O chanceler de Omã, Badr bin Hamad al Busaidi, confirmou em uma publicação na rede social X que houve “alguns avanços, embora não conclusivos”. Ele acrescentou que esperam “esclarecer as questões pendentes nos próximos dias” e agradeceu às autoridades italianas por receberem as negociações na capital.
Al Busaidi também apresentou propostas que serão analisadas nas capitais dos dois países antes da retomada do diálogo. De acordo com Araqchi, essas ideias podem permitir “eliminar alguns obstáculos” e criar um marco para possíveis soluções.
Cenário regional e pressão internacional
As conversas ocorrem em meio à forte pressão da administração Trump, que abandonou o acordo nuclear de 2015 e impôs novas sanções ao Irã, incluindo uma proibição recente à venda de perclorato de sódio, um componente químico, ao país, que teria sido recebido via porto de Bandar Abbas.
O Departamento de Estado dos EUA reafirmou o objetivo de alcançar um pacto que permita ao Irã manter um programa civil de energia nuclear, mas sem capacidade para enriquecer urânio. A porta-voz Tammy Bruce afirmou na quinta-feira: “Acreditamos que teremos sucesso. Os iranianos entendem nossa posição e continuam avançando”.
Enquanto isso, Israel reiterou que não descarta ataques preventivos às instalações nucleares iranianas, aumentando a tensão em uma região já abalada pela guerra em Gaza. O Irã, por sua vez, ameaçou adotar “medidas especiais” de defesa e responsabilizou os Estados Unidos caso haja uma agressão israelense.
Apesar das posições duras, ambas as partes reconhecem a necessidade de um acordo. O Irã enfrenta uma economia debilitada por sanções e protestos internos. Desde a retomada das negociações, a moeda local se estabilizou parcialmente, gerando expectativas no regime de Teerã.
Do lado americano, o presidente Trump tem reiterado que um novo pacto é essencial para evitar uma corrida armamentista na região. A administração demonstra preocupação com a possibilidade de que, sem acordo, o Irã possa reduzir para menos de uma semana o tempo necessário para produzir urânio de grau militar, segundo relatório recente da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA.
Com as negociações em impasse e sem data definida para a próxima rodada, o futuro do diálogo nuclear permanece incerto. O único consenso entre as delegações é que “ainda há trabalho a ser feito”.
(Com informações da AP, EFE, EP e Reuters)
