Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão. Os mexicanos foram às urnas neste domingo (1º) para participar de uma eleição histórica: pela primeira vez, todos os juízes do país, incluindo os ministros da Suprema Corte, serão escolhidos por voto popular. A medida é resultado de uma reforma judicial aprovada em setembro de 2024, promovida pelo então presidente Andrés Manuel López Obrador e impulsionada por sua sucessora, Claudia Sheinbaum, ambos do partido Morena.
A mudança marca uma reviravolta no sistema judiciário mexicano, provocando intensos embates entre governistas — que defendem a medida como um avanço democrático — e a oposição, que vê riscos à independência do Judiciário e impactos negativos para a segurança jurídica e a economia. Aprovada nos primeiros dias da atual legislatura, a reforma foi votada em meio a protestos de servidores do Poder Judiciário. Na Câmara dos Deputados, manifestações forçaram a mudança de sede para a votação final. No Senado, bloqueios e tensões se intensificaram até que a proposta foi aprovada com o voto decisivo de Miguel Ángel Yunes Márquez, senador que então era filiado ao PAN e acabou sendo acusado de “traição” por sua bancada.
Apesar de tentativas da oposição e de entidades judiciais de barrar a publicação do decreto, o governo ignorou decisões liminares contrárias. Desde então, o oficialismo defende que a eleição direta de juízes ampliará a transparência, combaterá a impunidade e aproximará a Justiça da população. Especialistas, partidos opositores e organizações internacionais alertam, no entanto, para os riscos da medida. Eles temem que a nova forma de escolha facilite a influência de grupos políticos ou do crime organizado sobre o Judiciário, comprometendo sua imparcialidade. Outro ponto de tensão é a redução dos critérios para se candidatar: com a nova regra, basta ter diploma em Direito com média mínima de 8, experiência de cinco anos na área e cartas de recomendação de vizinhos ou conhecidos.
A seleção dos candidatos também gerou polêmica. Embora os três Poderes tenham participado da escolha, no caso do Legislativo os nomes foram sorteados por meio de uma “tómbola”, o que foi alvo de críticas e ironias por parte da oposição. As campanhas eleitorais começaram em 31 de março e terminaram em 28 de maio, marcadas pelo uso de memes e tendências de redes sociais, já que os candidatos precisaram bancar suas próprias estratégias de divulgação. O cenário esquentou quando o presidente do Senado, Gerardo Fernández Noroña (PT), denunciou que ao menos dez candidatos teriam vínculos com o crime organizado — incluindo um advogado ligado ao narcotraficante Z-40.
A denúncia impulsionou pedidos para cancelamento de candidaturas e reacendeu os questionamentos da oposição. PRI e PAN chegaram a anunciar que não participariam da votação. Também surgiram denúncias sobre a distribuição de “acordeões” com nomes de candidatos supostamente ligados ao governo. A presidente Claudia Sheinbaum negou qualquer irregularidade e tem incentivado a população a participar do pleito, afirmando que espera “uma boa participação”.
A organização da eleição ficou a cargo do Instituto Nacional Eleitoral (INE), que enfrentou cortes orçamentários significativos: o orçamento para 2025 foi reduzido de R$ 35,8 bilhões para R$ 27 bilhões. A presidente do INE, Guadalupe Taddei, chegou a negociar pessoalmente com Sheinbaum um aumento de verbas, mas o orçamento final resultou na diminuição de seções eleitorais e até da impressão de cédulas em braile. Com urnas abertas e votos sendo computados, o México testa agora os efeitos práticos de uma mudança sem precedentes — e que segue dividindo o país.
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