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O Hamas declarou nesta quarta-feira que o “otimismo” predomina nas negociações indiretas que mantém com Israel no Egito, com o objetivo de chegar a um acordo que encerre a guerra em Gaza.
Taher al Nunu, um dos líderes do movimento islamista palestino participante das conversas, disse à AFP que o Hamas trocou com Israel “listas de prisioneiros para libertação”, em referência à proposta de troca de reféns detidos em Gaza por palestinos presos pelas forças israelenses.
Até o momento, não houve declarações dos negociadores enviados pelo governo de Benjamin Netanyahu, que participam dos diálogos na cidade turística egípcia de Sharm el-Sheikh, dois anos após o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023.
As negociações se baseiam em um plano de 20 pontos anunciado no fim de setembro pelo presidente americano Donald Trump, que prevê, entre outros pontos, um cessar-fogo, a retirada gradual das tropas israelenses de Gaza e o desarmamento do Hamas.
“Os mediadores estão fazendo grandes esforços para remover todos os obstáculos à implementação das diferentes etapas do cessar-fogo, e o otimismo prevalece entre todos os participantes”, afirmou Al Nunu em contato telefônico.
Alta participação internacional
Altos funcionários dos Estados Unidos, Catar e Turquia se juntarão às negociações em Sharm el-Sheikh. O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, participará das conversas ainda nesta quarta-feira.
Também devem integrar os diálogos o enviado de Trump, Steve Witkoff, e Jared Kushner, genro do presidente americano, conforme informou o chefe da diplomacia egípcia, Badr Abdelatty. Uma delegação turca liderada pelo chefe dos serviços de inteligência, Ibrahim Kalin, também se juntará às negociações, segundo a agência Anadolu.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que Trump solicitou expressamente a Ancara que convencesse o Hamas a negociar a paz com Israel. O magnata republicano disse na terça-feira que existe uma “oportunidade real” para alcançar um acordo e encerrar o conflito.
Qatar, Egito e Estados Unidos atuam como mediadores na guerra, mas ainda não conseguiram implementar um cessar-fogo duradouro. Dois cessar-fogos anteriores, em novembro de 2023 e início de 2025, permitiram a devolução de reféns ou corpos em troca de prisioneiros palestinos, mas foram rompidos.
Divergências e garantias
Hamas respondeu positivamente ao plano de Trump, mas vários pontos seguem pendentes. O negociador-chefe do grupo em Sharm el-Sheikh, Khalil al Hayya, declarou que o movimento exige “garantias” de Trump e dos mediadores de que a guerra em Gaza “terminará de vez”.
“Não confiamos em Israel”, afirmou. Segundo uma fonte palestina próxima aos negociadores do Hamas, na terça-feira a parte israelense apresentou suas primeiras propostas sobre retirada de tropas e o mecanismo e calendário para a troca de reféns e prisioneiros.
O Hamas se comprometeu a liberar os reféns, mas exige o fim da ofensiva israelense e a retirada total de Israel de Gaza, sem mencionar o próprio desarmamento, ponto central do plano de Trump. Netanyahu afirmou apoiar o plano, mas enfatizou que seu exército permanecerá em grande parte de Gaza e reforçou a exigência de desarmamento do Hamas.
Consequências do conflito
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 deixou 1.219 mortos, em sua maioria civis, e 251 pessoas sequestradas — das quais 47 permanecem em Gaza, com 25 mortes confirmadas, segundo o exército israelense.
Em resposta, Israel lançou uma campanha militar que devastou o território palestino, provocou uma grave crise humanitária e, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, resultou em mais de 67 mil mortos, em sua maioria civis.
A ONU declarou estado de fome em parte de Gaza, e investigadores independentes acusam Israel de cometer um “genocídio”, alegação rejeitada pelas autoridades israelenses.