Advogado de Lula -Lava Jato
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, criticou a nova fase da Operação Lava jato desta quarta-feira (9) como um “atentado à advocacia”, além de “retaliação” a sua atuação contra os atos da força-tarefa. Ele foi alvo de buscas e apreensões por ser apontado pelo MPF como integrante e comandante do “núcleo duro” da organização criminosa que desviou R$ 151 milhões dos cofres do Sistema S e da Fecomércio do Rio de Janeiro.
A operação da Lava Jato apura um suposto esquema de advogados que teria sido responsável por desvios de R$ 355 milhões, entre 2012 e 2018, do Sesc-RJ (Serviço Social do Comércio), do Senac-RJ (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e da Fecomércio-RJ (Federação do Comércio). Também são investigados Ana Tereza Basílio, advogada do governador afastado do Rio, Wilson Witzel; e Frederick Wassef.
“A iniciativa do Sr. Marcelo Bretas de autorizar a invasão da minha casa e do meu escritório de advocacia a pedido da Lava Jato somente pode ser entendida como mais uma clara tentativa de intimidação do Estado brasileiro pelo meu trabalho como advogado, que há tempos vem expondo as fissuras no Sistema de Justiça e do Estado Democrático de Direito”, afirmou Zanin em nota.
Segundo ele, sua atuação tem ajudado a desmascarar “as arbitrariedades praticadas pela Lava Jato, as relações espúrias de seus membros com entidades públicas e privadas e sobretudo com autoridades estrangeiras”.
O advogado do petista acusa o juiz Marcelo Bretas, responsável pela operação de hoje, de ser próximo do presidente Jair Bolsonaro: “E sua decisão no caso concreto está vinculada ao trabalho desenvolvido em favor de um delator assistido por advogados ligados ao Senador Flavio Bolsonaro. A situação fala por si só.”
Em defesa contra as acusações feitas pela Lava Jato, Zanin afirma ainda que tem como provar que não cometeu qualquer dos atos ilícitos apontados. “De acordo com laudo elaborado em 2018 por auditores independentes, todos os serviços prestados à Fecomércio/RJ pelo meu escritório entre 2011 e 2018 estão devidamente documentados.”
Zanin acusa Bretas de abuso de autoridade na ação desta quarta-feira. “Marcelo Bretas é juiz federal e sequer tem competência para tratar de pagamentos realizados por uma entidade privada, como é a Fecomercio/RJ, e mesmo de entidades do Sistema S por ela administrados por força de lei; a matéria é de competência da Justiça Estadual, conforme jurisprudência pacífica dos Tribunais, inclusive do Superior Tribunal de Justiça.”
Ele também diz que a operação foi mais um “espetáculo impróprio a qualquer decisão judicial dessa natureza” e que ocorreu “na iminência do Supremo Tribunal Federal realizar alguns dos mais relevantes julgamentos, com impacto na vida jurídica e política do país”, afirmou, referindo-se provavelmente ao julgamento da Segunda Turma sobre o habeas corpus que pede a suspeição do ex-juiz federal Sergio Moro. Caso ela seja aceita, Lula poderá ver suas condenações anuladas.
Por fim, o advogado de Lula afirma que levará o caso a foros nacionais e internacionais, para que os envolvidos sejam punidos e “para que seja reparada a violação à minha reputação e à reputação do meu escritório, mais uma vez atacadas por pessoas que cooptaram o poder do Estado para fins ilegítimos”.