Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Telegram: [link do Telegram]
WhatsApp: [link do WhatsApp]
Gatos domésticos podem ser uma rota inesperada para o vírus da gripe aviária H5N1 evoluir para uma forma mais perigosa, conforme aponta um novo estudo. O vírus, que começou a circular em rebanhos leiteiros, matou vários gatos, principalmente em fazendas afetadas. Além disso, deixou pelo menos 60 pessoas doentes, a maioria com histórico de contato próximo com vacas ou aves infectadas.
Embora o H5N1 ainda não se espalhe facilmente entre as pessoas, estudos indicam que apenas algumas mutações podem ser suficientes para permitir essa transmissão. Especialistas destacam que, embora não haja evidências de que gatos tenham transmitido o H5N1 para seres humanos, a possibilidade de o vírus evoluir dentro deles não pode ser descartada. Caso um gato seja infectado simultaneamente com o H5N1 e um vírus da gripe sazonal, o H5N1 poderia adquirir as mutações necessárias para se espalhar eficientemente entre pessoas.
O estudo também reforça a necessidade de aumentar a vigilância da gripe aviária em gatos, que costumam ter contato com animais selvagens e humanos, afirmou Suresh Kuchipudi, microbiologista veterinário da Universidade de Pittsburgh e autor do artigo.
Enquanto os testes de vacas e pessoas para o H5N1 foram limitados, dificultando a compreensão da escala real do surto, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) anunciou que começaria a testar o suprimento nacional de leite para identificar rebanhos infectados. No entanto, as autoridades não abordaram a necessidade de expandir a vigilância para outros animais de fazenda, nem para animais domésticos. O USDA é responsável por monitorar o gado, e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) cuidam da vigilância em humanos, mas nenhum órgão governamental acompanha animais de companhia.
Kuchipudi alertou que, ao focar no imediato, como as fazendas leiteiras e a segurança alimentar, as autoridades podem estar negligenciando uma questão mais ampla e evolutiva. Ele e sua equipe investigaram a morte de 10 gatos em Dakota do Sul, que apresentaram sintomas respiratórios e neurológicos antes de falecer. O vírus isolado dos felinos era muito semelhante ao encontrado em uma fazenda de laticínios nas proximidades. Penas de aves encontradas perto dos gatos mortos sugerem que eles foram infectados ao consumir pássaros selvagens contaminados.
Os cientistas já sabem que os vírus da gripe aviária se ligam a um tipo de receptor encontrado em pássaros, enquanto os vírus da gripe sazonal afetam receptores do tipo humano. Embora os porcos sejam considerados os principais “vasos de mistura”, pois carregam ambos os tipos de receptores, outros animais, como gatos, podem ser hospedeiros de ambos os vírus ao mesmo tempo, explicou Richard Webby, especialista em gripe do St. Jude Children’s Research Hospital.
O estudo mostrou que gatos possuem os dois tipos de receptores nos cérebros, pulmões e sistema gastrointestinal, tornando-os suscetíveis a hospedar ambos os vírus. Com a chegada da temporada de gripe, aumenta o risco de gatos se infectarem simultaneamente com o H5N1 e o vírus da gripe sazonal.
Embora os gatos não formem grandes grupos como outros animais, o risco de transmissão permanece, alertou Webby. O H5N1 tem se mostrado um vírus surpreendentemente adaptável, infectando diversas espécies de aves e mamíferos, o que aumenta as chances de ele adquirir mutações vantajosas.
Além do risco pandêmico, o H5N1 é uma ameaça significativa à saúde dos gatos. A taxa de mortalidade entre felinos infectados chega a 67%, conforme estudo de Kristen Coleman, pesquisadora da Universidade de Maryland. Desde o final de 2022, pelo menos 53 gatos domésticos nos EUA foram infectados, muitos após caçar pássaros selvagens ou consumir leite cru de vacas infectadas, segundo o USDA.