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Um estudo promissor conduzido por cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, indica que tratar precocemente a perda auditiva pode adiar por anos o surgimento da demência em idosos. A pesquisa acompanhou quase 3 mil pessoas com idade média de 75 anos ao longo de oito anos e descobriu que cerca de um terço dos casos de demência estavam associados à perda auditiva clinicamente diagnosticada.
Segundo os autores, os resultados reforçam a importância de incluir testes auditivos regulares como parte de políticas de saúde pública voltadas à prevenção da demência. “Tratar a perda auditiva pode retardar o desenvolvimento da demência em um grande número de idosos”, escreveram os cientistas na revista JAMA Otolaryngology.
Entre os participantes com perda auditiva leve, 16,2% desenvolveram demência. O índice subiu para 16,6% entre os que apresentavam perda auditiva moderada ou severa. O risco foi maior entre mulheres (30,8%) do que entre homens (24%). Ainda segundo o estudo, a perda auditiva autorrelatada — ou seja, sem diagnóstico médico — não teve associação significativa com aumento do risco.
A médica Isolde Radford, da instituição Alzheimer’s Research UK, destacou a relevância dos achados, embora não tenha participado do estudo. “Ainda não sabemos se a perda auditiva causa diretamente a demência ou se ela desencadeia outros problemas que levam ao quadro. Mas é claro o valor de se investigar intervenções auditivas como medida de proteção da saúde cerebral”, afirmou.
Radford defende que o governo britânico inclua a checagem auditiva nos exames de rotina oferecidos a pessoas com mais de 40 anos. “Esse passo simples pode ajudar milhões a identificarem a perda auditiva mais cedo e adotarem medidas como o uso de aparelhos, o que pode reduzir o risco de desenvolver demência”, completou.
Em 2023, outro estudo de destaque, publicado na The Lancet, já havia indicado que até metade dos casos de Alzheimer poderia ser evitada ao atuar sobre 14 fatores de risco ao longo da vida, como sedentarismo, depressão e colesterol alto. Entre as recomendações, estavam a ampliação do acesso a aparelhos auditivos, o controle da exposição a ruídos e melhores estratégias de detecção de doenças cardiovasculares em pessoas com mais de 40 anos.
O Alzheimer, forma mais comum de demência, afeta quase um milhão de pessoas no Reino Unido e é responsável pelo maior número de mortes no país. A doença está ligada ao acúmulo de proteínas no cérebro — como amiloide e tau — que formam placas e emaranhados, dificultando a comunicação entre as células nervosas. Os sintomas iniciais envolvem perda de memória, dificuldades de raciocínio e linguagem, agravando-se com o tempo.
