Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão. Durante décadas, o tratamento do câncer de próstata exigia dos pacientes uma decisão difícil: conviver com a doença ou enfrentar os efeitos adversos da cirurgia, como incontinência, impotência e perda da ejaculação. Esses efeitos marcaram a vida de milhões de homens e tornaram o câncer de próstata um dos temas mais controversos da medicina moderna. Em Londres, no Hospital Parkside de Wimbledon, o cirurgião britânico Hashim Ahmed, professor de urologia do Imperial College, busca mudar essa realidade. Ele aplica uma técnica experimental chamada terapia focal, que utiliza ondas de som de alta intensidade para destruir apenas os tumores, preservando o tecido saudável e mantendo as funções sexuais e urinárias. Ahmed manipula uma sonda ao longo da próstata, guiado por imagens de ultrassom, localiza o tumor e ajusta o dispositivo para emitir rajadas de calor que atingem até 90℃. “Essa técnica permite tratar apenas uma parte do órgão e evita as sequelas mais severas”, explica o cirurgião. Ele compara o procedimento com uma “lumpectomia masculina”, em referência à cirurgia conservadora do câncer de mama que substituiu as mastectomias radicais.
Estudos no Reino Unido mostram que a terapia focal reduz em até 70% o risco de incontinência e disfunção erétil em comparação com cirurgias convencionais ou radioterapia, além de implicar em recuperação mais rápida e menores custos hospitalares. O câncer de próstata é o tumor maligno mais frequente entre homens e a terceira causa de morte por câncer masculino na Argentina, com mais de 11.600 novos casos por ano, segundo a Sociedade Argentina de Urologia. Nos Estados Unidos, também é o tumor não cutâneo mais comum entre homens e um dos mais diagnosticados no mundo.
Segundo a Bloomberg, os diagnósticos e tratamentos do câncer de próstata geraram entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões em 2024, e a estimativa é que esse valor dobre até meados da próxima década. Historicamente, a prática médica oscilou entre extremos: o excesso de diagnósticos após a introdução do PSA nos anos 1980 levou à intervenção em casos que talvez não progredissem; já a redução de exames após as recomendações do Grupo de Trabalho de Serviços Preventivos dos EUA em 2012 resultou em diagnósticos tardios e quadros avançados.
Para Ahmed, a solução está em uma “detecção mais inteligente”. Aos 49 anos, ele lidera o ensaio Transform, o maior estudo de detecção de câncer de próstata das últimas duas décadas, com mais de 250 mil homens no Reino Unido. O projeto investiga se a ressonância magnética pode substituir o exame de sangue como ferramenta principal. “Se conseguirmos provar que a detecção deve se basear em imagens, e não em sangue, será extraordinário”, afirma. Apesar dos resultados promissores, menos de 10% dos homens britânicos que poderiam acessar a terapia focal optam pelo tratamento. As diretrizes clínicas ainda consideram o método experimental no Reino Unido e nos EUA.
Especialistas reconhecem o potencial, mas pedem cautela. Tudor Borza, da Universidade de Michigan, explica: “Trata-se apenas de uma parte da próstata, então o restante ainda pode desenvolver câncer, e muitas vezes desenvolve”. Em instituições como a Clínica Cleveland, a técnica é restrita a pacientes cuidadosamente selecionados, com tumores visíveis e pequenos. “Selecionamos os que têm maiores chances de sucesso. E nossa taxa de êxito é muito alta”, afirma Jane Nguyen, uróloga da instituição. No Hospital Parkside, Ahmed continua aperfeiçoando um método que prioriza precisão e preservação do tecido saudável, visando transformar o tratamento do câncer de próstata. Segundo ele, tratar apenas uma parte do órgão reduz o risco de incontinência persistente para menos de 1% e a disfunção erétil para 5%, números significativamente menores do que os observados em tratamentos tradicionais.
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