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Em uma tentativa de amenizar as tensões entre a administração de Donald Trump e o Vaticano, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, realizou encontros com autoridades da Igreja Católica em Roma, durante o fim de semana da Páscoa. A visita, que incluiu reuniões com o Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, ocorreu após uma série de críticas do Papa Francisco às políticas de imigração do governo americano.
O pontífice, um crítico declarado de Trump, já havia expressado preocupação com as deportações em massa, classificando-as como uma “grande crise” que “prejudica a dignidade dos homens e mulheres”. A expectativa em torno de um possível encontro entre Vance e o Papa, de 88 anos, era alta, embora o pontífice esteja limitando suas aparições públicas devido à recuperação de um episódio de pneumonia dupla.
A visita de Vance é vista como um possível ponto de virada nas relações entre a Igreja Católica e o governo Trump. Em fevereiro, o Papa condenou os planos de deportação em massa de imigrantes, instando as pessoas a “não cederem a narrativas que discriminem e causem sofrimento desnecessário aos nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados”. A resposta do “czar da fronteira” de Trump, Tom Homan, foi controversa, com críticas ao Papa por “atacar” a segurança das fronteiras americanas.
O Papa Francisco também rebateu as interpretações de Vance sobre a doutrina cristã e a imigração. O vice-presidente, convertido ao catolicismo, havia defendido a abordagem “América Primeiro” do governo, citando ensinamentos medievais sobre a ordem do amor. O pontífice, no entanto, corrigiu a visão de Vance, afirmando que “o amor cristão não é uma expansão concêntrica de interesses”.
Especialistas como Massimo Faggioli, da Universidade de Villanova, destacam a importância da visita em um momento delicado nas relações entre o Vaticano e os EUA. “Esta relação com os EUA é uma prioridade muito alta agora para o Vaticano”, afirmou Faggioli.
Após os encontros, a Santa Sé divulgou um comunicado reafirmando as boas relações, mas reconhecendo “uma troca de opiniões” sobre conflitos internacionais e a situação de migrantes e refugiados. “Foi expressada a esperança de uma colaboração serena entre o Estado e a Igreja Católica nos Estados Unidos, cujo serviço valioso às pessoas mais vulneráveis foi reconhecido”, dizia o comunicado.
A busca de Vance por um encontro com o Papa é vista como uma tentativa de agradar os eleitores católicos nos EUA, especialmente durante o período da Páscoa. A viagem à Itália marca o retorno do vice-presidente à Europa, após um discurso controverso em Munique, onde minimizou a ameaça russa e criticou a migração não regulamentada e o “politicamente correto”.
