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Quais os impactos psicológicos da epidemia de coronavírus na saúde mental dos franceses e os prejuízos causados a pacientes que sofrem de doenças crônicas, mas deixaram de ser atendidos por causa do lockdown e da saturação dos hospitais? Em breve, um grande estudo científico lançado nesta segunda-feira (30) poderá avaliar as consequências desse período atípico.
O estudo “Viver-Covid-19”, até agora único no país, espera recrutar 10.000 participantes adultos na França continental. Até maio de 2022, os integrantes serão convidados a responder, uma vez por mês, a um questionário elaborado pela federação France Assos Santé, uma uma rede de 85 associações de pacientes. A amostra inclui pessoas com doenças crônicas, portadores de deficiência, cuidadores e pessoas saudáveis.
“Percebemos que a situação iria durar e que, além das pessoas com Covid ou outras patologias, haveria um impacto em nosso estilo de vida”, explica Gérard Raymond, presidente da federação.
Segundo Caroline Guyot, representante da associação France Assos Santé, que defende os direitos dos pacientes e participa da elaboração do projeto, as questões incidem sobre três temas: ansiedade, atendimento e vida cotidiana.
Uma fase piloto foi realizada durante o primeiro lockdown, decretado entre meados de março e maio, com 2.000 entrevistados. Os primeiros retornos mostram que 78,9% dos participantes notaram um aumento da ansiedade e 61,5% disseram ter tido consultas e cirurgias canceladas. Apenas a metade (32,9%) teve uma nova data agendada, segundo a rede France Assos Santé.
“O número de respostas da fase piloto foi muito baixo para dizer que temos resultados sólidos, mas apontaram tendências”, explicou Guyot. Por isso, a federação decidiu solicitar um número maior de voluntários, o que permitirá estabelecer estatísticas justas.
O estudo será dirigido pelo médico Jean-Pierre Thierry, que supervisiona o conselho científico da associação. Os resultados preliminares devem ser divulgados em maio de 2022.
Autoridades não descartam terceira onda
No domingo (29), 9.784 novos casos positivos da Covid-19 foram registrados na França, segundo a agência nacional de saúde pública, longe do pico de quase 60.000 infectados por dia no início de novembro.
O número de hospitalizações ligadas à forma severa da doença se mantém estável, com 28.284 pacientes no domingo (contra 28.139 no sábado e 28.620 na sexta-feira), após um pico de mais de 33.000 no dia 16 de novembro.
Apesar de o governo ter divulgado um plano em três etapas de flexibilização das medidas de restrição, com a suspensão do lockdown prevista para 15 de dezembro, as autoridades não descartam uma terceira onda da epidemia e se apressam para organizar a campanha de vacinação.
Desde o início da epidemia, a França acumula 2.218.483 de contaminados, 161.427 pessoas curadas e 52.325 mortes atribuídas à Covid-19.
(AFP, com RFI)