Por conta da China, Cuba e Nicarágua, a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure) não conseguem obter um status consultivo na ONU (Organização das Nações Unidas), o que permitiria que o grupo pudesse discursar em reuniões oficiais, organizar debates e até submeter informes em diferentes organismos. A informação é do UOL.
Uma decisão sobre o pedido de acesso à organização foi adiada depois que os países comunistas cobraram esclarecimentos sobre a relação entre a entidade evangélica e o Governo Bolsonaro.
A Anajure solicitou, ainda em 2017, o status na ONU, num processo que é tradicionalmente longo. No início de 2020, os representantes da entidade já foram alvo de um questionamento no Comitê da ONU sobre ONGs.
Segundo o site, a esperança era que, nas reuniões em 2021, o acesso fosse garantido. Mas, uma vez mais, a adesão foi barrada.
Durante uma reunião na terça-feira (25) , uma delegação diplomática de Cuba pediu detalhes sobre o apoio que a Anajure recebe do governo federal brasileiro e, mais especificamente, do Ministério das Relações Exteriores.
O governo da Nicarágua também questionou a adesão e pediu esclarecimentos sobre a estrutura das contas da entidade brasileira.
Antes, o governo da China havia criado obstáculos, levantando questões sobre a atuação da entidade brasileira. A manobra, assim, evitou a aprovação da adesão dos juristas evangélicos brasileiros e adiou pelo menos até 2022 qualquer decisão.
De acordo com o UOL, as autoridades brasileiras viam com bons olhos a iniciativa, já que o grupo poderia ser um aliado para influenciar as mudanças que o Itamaraty defende na agenda internacional em assuntos relacionados com direitos humanos, sexualidade e outros aspectos da política externa.
Ao receber a chancela do ECOSOC (Conselho Econômico e Social) das Nações Unidas, as entidades podem ainda designar um representante em Nova York e Genebra, submeter declarações por escrito ou serem chamadas para dar depoimento.
No caso brasileiro, várias entidades já contam com esse status, entre elas grupos que representam interesses indígenas, de direitos humanos e de minorias.
Ao longo dos últimos anos, a Anajure tem defendido que sua ação é “independente de qualquer governo” e que existem pontos de discrepância entre a gestão de Bolsonaro e a entidade de juristas.
Neste ano, a Anajure fechou um acordo com a pasta de Direitos Humanos de Damares Alves para lançar um “canal de denúncia para violações de direitos humanos na pandemia”. A entidade também anunciou que iria acompanhar propostas legislativas que tramitam no Congresso Nacional.
“Gostaria que a Anajure redobrasse a atenção nas pautas que estão sendo expostas lá. A oposição é inteligente e articulada”, disse a ministra.
A relação entre a Anajure e Damares não é nova. Em 2012, em uma de suas primeiras reuniões, a Anajure prestou uma homenagem a ministra.
Em um comunicado na ocasião, a entidade afirmou que a pastora era, naquele momento, “membro da Associação Nacional dos Juristas Evangélicos”.