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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), causou repercussão durante o 13º Fórum Jurídico de Lisboa, conhecido como “Gilmarpalooza”, ao declarar que o crime organizado representa o “maior risco” para o Brasil. Em contraponto, Tarcísio afirmou que o “risco fiscal talvez seja o menos importante, porque se sabe como resolvê-lo”.
A declaração foi proferida no painel “Relações de força internacionais e novos blocos militares”, onde o governador defendeu veementemente o combate à infiltração do crime em negócios lícitos – “o que afasta a competitividade”. Ele também enfatizou a necessidade de “estruturação” das forças armadas para combater as relações entre o narcotráfico e questões de segurança global.
Apresentado como presidenciável por Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração e moderador do painel, Tarcísio de Freitas foi aplaudido pela plateia ao abordar a fragilidade democrática de alguns países. “A gente está falando de países que têm uma grande fragilidade, que é justamente a fragilidade democrática, a falta de democracia. E isso, talvez, nos afaste dos maiores investidores e dos melhores mercados”, disse o governador, completando que, dessa forma, o Brasil estaria “restringindo as nossas possibilidades a uma parcela muito ínfima, muito pequena deste capital”.
Risco Fiscal: Uma Questão Equacionável
Para Tarcísio, a solução para a questão fiscal no País é clara e já conhecida. “O Brasil passou por reformas muito relevantes nos últimos anos e, no final, a gente criou as condições ou as bases para ter uma economia relativamente arrumada. Obviamente, algumas coisas hoje não estão andando bem, mas é fácil arrumar, é fácil ajustar”, ponderou. Ele elencou as “alavancas bem conhecidas” para melhorar a economia, incluindo “aumentar o fluxo de capital estrangeiro, apreciar câmbio, diminuir inflação, reduzir taxa de juros e ter mais recursos para investir”.
Crime Organizado e Defesa Nacional
O governador reforçou que o crime organizado é a principal ameaça, destacando a importância de o Brasil “pensar em fazer o seu dever de casa para que possa voltar a investir em defesa”. Dada a extensa fronteira seca e costa do País, Tarcísio ressaltou que o Brasil não pode “ficar absolutamente desguarnecido”.
“Guarnecer as fronteiras significa ter condição de combater o crime organizado, a infiltração do crime organizado no território nacional, a infiltração desse crime nos negócios lícitos, o que afasta a competitividade, o que destrói os negócios daqueles que jogam a regra do jogo, e contar com Forças Armadas equipadas para fazer essa vigilância, contar com tecnologia de ponta, é fundamental para que a gente possa vencer essa guerra e mitigar esse risco que, para mim, é o maior risco que o país passa hoje”, indicou o governador.
Ele alertou que, caso o País não dê a devida atenção ao tema, haverá “dificuldade com alguns negócios em alguns segmentos”, além das “ligações estreitas” entre narcotráfico e terrorismo. “É por isso que as forças armadas precisam estar equipadas, estruturadas. Agora isso não vai acontecer se a gente não tiver as condições fiscais para isso. E aí tem um exercício, tem um dever de casa que é bem conhecido e que precisa ser feito”, apontou.
Oportunidades em um Cenário Global Incerto
Apesar dos desafios, Tarcísio de Freitas vislumbra oportunidades para o Brasil em um cenário global de incertezas. “Nesse ambiente de incerteza, o mundo vai precisar de parcerias, o mundo vai precisar de confiança no que diz respeito à segurança alimentar. E aí, em especial, o Brasil pode se aproveitar disso. Se o mundo precisa de um parceiro confiável em termos de segurança alimentar, estamos nós aqui. O mundo vai que precisar de parceiros confiáveis no campo da segurança energética. E se o mundo precisa de parceiros confiáveis na segurança energética, estamos nós aqui de novo”, afirmou.
O governador destacou a necessidade de cooperação entre países europeus e sul-americanos, especialmente no redesenho energético da Europa. “A gente tem que aproveitar esse estressamento, aproveitar essa fragilidade, essa incerteza para transformar isso em oportunidade, para nos fortalecer e aproveitar de fato um campo que está se abrindo para nós, no que diz respeito à transição energética, no que diz respeito à segurança alimentar, no que diz respeito à economia do conhecimento, para que a gente possa de fato surfar um pouco essa onda e aproveitar essas oportunidades. As janelas que estão se abrindo, precisamos nos fortalecer mutuamente, nos preparar para essa nova ordem global”, enfatizou.
Ao abordar a relevância do Sul Global, que detém a maioria da população mundial e quase 50% da economia global, Tarcísio alertou para o perigo de se alinhar a países com fragilidades em governança. “Quando a gente se alinha a países que têm essa ordem de fragilidade, essa ordem de governança que se afasta de algumas práticas daquelas que são preconizadas pela OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico], a gente vai ficando distante de uma parcela relevante de investimento e isso é extremamente perigoso”, declarou.
Finalizando suas reflexões sobre as tensões econômicas mundiais e a relação entre EUA e China, o governador ressaltou a importância da diplomacia brasileira. “Acho que a gente tem que fazer o que a diplomacia brasileira sempre fez: se pautar pela neutralidade e olhar o interesse nacional”, afirmou, categórico: “Porque não existe amizade entre países, existe interesse”.
