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Cada vez mais, as pessoas se veem tentadas a vasculhar seus próprios perfis em redes sociais, imaginando o que os outros pensam sobre suas vidas. De acordo com a autora e psicoterapeuta Eloise Skinner, esse comportamento é perfeitamente natural e amplamente comum.
A razão por trás dessa curiosidade é intrigante. A busca por compreender quem somos, um questionamento que acompanha a humanidade ao longo das gerações, é muitas vezes guiada pelas opiniões e reflexões de outros. “O desejo de entender como somos percebidos está presente em nosso instinto humano”, afirma Skinner, conforme relatado pelo Daily Mail. Quando esse feedback não está imediatamente disponível, as pessoas tentam imaginar como seriam vistas examinando seus perfis nas redes sociais.
Zoe Mallet, psicóloga, acrescenta que essa necessidade de aceitação social e status é moldada pela evolução. Assim, todos os seres humanos carregam uma necessidade intrínseca de aprovação social, intensificada pelas redes sociais. “É uma tentativa subconsciente de melhorar nosso status social, aumentar nossas chances de pertencimento e criar uma imagem positiva de nós mesmos, o que é parte de nossos mecanismos de sobrevivência”, explica Mallet.
Para alguns, a prática de observar seus próprios perfis pode estar ligada ao perfeccionismo. Skinner destaca que isso pode surgir de uma insegurança sobre nossa identidade, sobre como nos apresentamos aos outros ou de uma autocrítica sobre o que postamos. “Com a maior consciência de como nos comparamos aos outros online, é mais fácil confrontar nossas vidas digitais com as de outra pessoa”, observa.
Embora, para a maioria, essa atividade seja inofensiva, para alguns, pode se tornar uma preocupação prejudicial. Skinner ressalta que as redes sociais podem funcionar como um “depósito” para versões antigas de nossas identidades, e refletir sobre isso com apreciação e nostalgia pode ser benéfico. No entanto, é preciso ter cuidado. Se essa prática nos torna excessivamente autoconscientes ou distraídos do que realmente gostaríamos de usar as redes sociais, é hora de repensar esse hábito.
Os especialistas alertam que o tempo excessivo gasto em redes sociais pode ter efeitos negativos na saúde mental, especialmente entre os jovens. Um número crescente de estudos revela uma forte ligação entre o uso intenso das redes e o aumento do risco de depressão. Dados recentes dos Estados Unidos mostram que adolescentes que passam mais de três horas por dia nas redes sociais têm o dobro do risco de apresentar sintomas de ansiedade. Em 2023, a média de uso diário desse grupo etário foi de 4,8 horas.
Além disso, mais da metade dos adolescentes relatam que o ato de rolar constantemente pelas redes sociais faz com que se sintam mal com seus corpos, segundo estudos. Essa realidade destaca a necessidade de um olhar crítico sobre como a interação com as redes sociais pode moldar nossa percepção de nós mesmos e impactar nossa saúde mental.