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A China e a Rússia estão enviando mulheres atraentes aos Estados Unidos para seduzir executivos do Vale do Silício e obter segredos tecnológicos, segundo uma investigação publicada pelo jornal The Times de Londres.
Fontes do setor tecnológico relataram que foram abordadas por supostas “iscas” — algumas delas conseguiram até se casar e ter filhos com os alvos. Além do uso de sedução, agentes chineses e russos estariam explorando redes sociais, competições de startups e investimentos de capital de risco para infiltrar-se no núcleo da indústria de tecnologia americana.
“Estou recebendo um número enorme de solicitações muito sofisticadas no LinkedIn do mesmo tipo de mulher jovem e atraente da China”, disse James Mulvenon, diretor de inteligência da empresa de avaliação de riscos Pamir Consulting, ao The Times. “Parece que isso aumentou muito recentemente.”
Um ex-oficial de contrainteligência dos Estados Unidos, atualmente atuando em empresas do Vale do Silício, afirmou ao jornal que investigou o caso de uma “linda” mulher russa que trabalhava em uma empresa aeroespacial americana, onde conheceu e se casou com um colega.
De acordo com ele, a mulher frequentou uma academia de modelos na juventude e depois estudou em uma “escola russa de poder brando”. Após uma década fora dos radares, ela reapareceu nos EUA como especialista em criptomoedas. “Mas ela não fica só em cripto”, disse o ex-oficial. “Ela está tentando chegar ao topo da comunidade de inovação aeroespacial e militar. O marido não faz ideia.”
O especialista afirmou que esse tipo de operação é mais comum do que se imagina:
“Aparecer, casar com o alvo, ter filhos e conduzir uma operação de coleta de informações por toda a vida — é desconfortável pensar nisso, mas acontece com frequência.”
Mulvenon também relatou que duas mulheres chinesas tentaram entrar em uma conferência sobre riscos de investimento na China, realizada na Virgínia, mas foram barradas. “Não as deixamos entrar”, contou. “Mas elas tinham todas as informações do evento. É um fenômeno real. E, vou dizer, é estranho.”
Segundo o especialista, as táticas de sedução usadas por agentes estrangeiros representam uma vulnerabilidade para os Estados Unidos:
“Eles têm uma vantagem assimétrica nessa ‘guerra sexual’, porque nós, por lei e cultura, não fazemos isso.”
Um alto funcionário da contrainteligência americana disse ao The Times que os adversários dos EUA substituíram os espiões da Guerra Fria por pessoas comuns disfarçadas de investidores, analistas ou empresários.
“Não estamos mais perseguindo um agente da KGB em uma pensão esfumaçada na Alemanha”, afirmou. “Nossos inimigos — especialmente os chineses — usam uma abordagem de toda a sociedade para explorar todos os aspectos da nossa tecnologia e talento ocidental.”
A Comissão de Segurança Interna da Câmara dos EUA alertou que o Partido Comunista Chinês realizou mais de 60 operações de espionagem no país nos últimos quatro anos. Ex-funcionários acreditam que o número real seja muito maior.
As autoridades americanas têm reiteradamente acusado a China de mirar indústrias estratégicas. Em um caso recente, Klaus Pflugbeil, morador de Ningbo, foi condenado a dois anos de prisão por tentar vender segredos comerciais da Tesla em uma conferência em Las Vegas.
“Ao roubar segredos de uma fabricante americana de veículos elétricos, as ações de Pflugbeil beneficiariam a República Popular da China em um setor crítico para a segurança nacional”, afirmou Matthew Olsen, procurador-assistente de segurança nacional dos EUA.
Segundo a Comissão de Roubo de Propriedade Intelectual Americana, a espionagem corporativa ligada à China custa até US$ 600 bilhões por ano aos contribuintes dos EUA.
Em resposta, a embaixada chinesa em Washington negou as acusações e afirmou que “a China valoriza e protege fortemente os direitos de propriedade intelectual” e que o desenvolvimento tecnológico do país “é resultado do talento e do trabalho árduo do povo chinês”.
“A China não alcançou seu desenvolvimento tecnológico por meio de roubo”, disse um porta-voz da embaixada. “O governo chinês exige que seus cidadãos no exterior cumpram as leis locais e rejeita qualquer atividade ilegal. Somos contra a disseminação de informações falsas que difamem a China.”
O governo russo não comentou as acusações até o momento.