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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quarta-feira (09) a 78ª edição do Boletim de Mercado de Trabalho: Conjuntura e Análise (BMT). A análise da fundação pública federal vinculada ao Ministério do Planejamento e Orçamento abrange até o 2º trimestre de 2024 e indica uma trajetória positiva.
A força de trabalho atingiu 109,4 milhões de pessoas, enquanto a população ocupada alcançou 101,8 milhões.
Esses dados refletem os maiores níveis desde o início da série histórica da PNAD Contínua, em 2012. Houve um aumento de 1,7% na força de trabalho e de 3,0% na ocupação em comparação com o segundo trimestre de 2023. O emprego formal também cresceu, com um incremento de 4,0% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da PNAD Contínua. O Novo Caged registrou a criação de 1,7 milhão de novas vagas com carteira assinada, um aumento de 3,8%, reforçando a tendência de crescimento.
A taxa de desocupação caiu para 6,9%, o menor patamar desde o quarto trimestre de 2014. As reduções no desemprego foram significativas em diversas categorias, e, exceto em relação ao gênero, contribuíram para a diminuição das desigualdades entre os grupos. A taxa de desemprego de longo prazo também recuou em 1,5 ponto percentual, enquanto o desalento teve uma leve redução de 0,4 ponto percentual.
Os setores que mais se destacaram foram transporte (7,5%), informática (7,5%) e serviços pessoais (5,7%). O crescimento do emprego formal foi notado na maioria dos setores, com exceção da agropecuária (-3,8%), serviços domésticos (-3,3%) e setor de utilidade pública (-0,1%).
A renda média também apresentou crescimento no segundo trimestre de 2024, com um aumento real de 5,8%, totalizando R$ 3.214. A massa salarial real cresceu 9,2% em comparação ao ano anterior, alcançando R$ 322,6 bilhões, um incremento de R$ 27 bilhões em relação ao primeiro trimestre de 2023.
Os pesquisadores apontam alguns desafios. A estabilidade das taxas de subocupação e de participação da força de trabalho nos últimos trimestres é motivo de preocupação. É fundamental investigar por que 66,7 milhões de pessoas permanecem fora da força de trabalho, sendo 3,2 milhões desistentes na busca de emprego devido ao desalento, grupo que merece prioridade na reintegração ao mercado. Assim, os pesquisadores ressaltam a importância de investigar mais a fundo as causas do desalento e de implementar políticas eficazes para atrair essa população a oportunidades produtivas.
Outro ponto preocupante é o setor agropecuário, que registrou sua nona redução consecutiva na população ocupada. Além disso, problemas estruturais ainda impactam o mercado de trabalho, com muitos trabalhadores em situações informais, sem acesso a proteções sociais e trabalhistas. As desigualdades regionais, de gênero, raça, idade e escolaridade continuam sendo desafios críticos tanto em termos de oportunidades de inclusão produtiva quanto de rendimento médio mensal.
Além da análise do mercado de trabalho, o boletim inclui seções como Notas Técnicas, com três artigos; Política em Foco, com mais três; e Economia Solidária e Políticas Públicas, que apresenta dois trabalhos. O primeiro artigo examina a evolução dos empregos verdes no Brasil, indicando que essas ocupações representam 17% do total de trabalhadores e se mantiveram estáveis entre 2012 e 2022.
O segundo trabalho discute o acesso ao mercado de trabalho para refugiados e pessoas em busca de proteção internacional no Brasil, destacando que, apesar da facilidade na obtenção de permissões, esses indivíduos enfrentam grandes desafios para se inserir de forma qualificada no mercado formal. O último artigo analisa a taxa de participação entre 2012 e 2022, com foco na queda durante a pandemia e sua recuperação posterior, mostrando que essa queda foi impulsionada pela redução do número de ocupados, enquanto a recuperação foi liderada pelo aumento da ocupação, com o desemprego desempenhando um papel secundário.
Na seção Política em Foco, são abordados temas como seguro-desemprego e qualificação profissional, cotas para pessoas com deficiência no Brasil e a relação entre educação profissional e o mercado de trabalho. Já na seção Economia Solidária e Políticas Públicas, um dos artigos apresenta um levantamento dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCDs) no Brasil, enquanto o outro analisa programas municipais de transferência de renda com moeda social, focando no caso de Maricá.
A edição também traz uma seção especial sobre os desafios do mercado de trabalho discutidos no Grupo de Trabalho sobre Emprego (Employment Working Group) do G20, durante a presidência do Brasil nesse fórum. O Dossiê: Debates sobre Emprego no G20 é composto por três artigos.
O primeiro artigo do dossiê aborda as discussões sobre diversidade e equidade salarial de gênero e raça nos eventos preparatórios e presenciais do G20. O segundo artigo explora os desafios e oportunidades que a inteligência artificial apresenta para a equidade e inclusão de gênero, destacando as questões que afetam a vida laboral das mulheres, que frequentemente se encontram em desvantagem no mercado de trabalho. Por fim, o último artigo examina a linguagem de gênero utilizada em anúncios de emprego e os tipos de benefícios oferecidos, dois fatores que podem influenciar as decisões das mulheres sobre ingresso, permanência ou progressão em suas carreiras.