A Rússia alertou nesta quarta-feira (26) que impor sanções ao presidente Vladimir Putin pessoalmente não o prejudicaria, mas seria “politicamente destrutivo”, depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que consideraria tal medida se a Rússia invadisse a Ucrânia.
Biden disse na terça-feira que sanções pessoais a Putin, embora um passo raro, podem ser consideradas como parte de um esforço conjunto dos Estados Unidos e seus aliados para convencer Moscou de que qualquer nova agressão contra a Ucrânia traria custos rápidos e maciços.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que congressistas e senadores dos EUA que discutem sanções pessoais contra os principais líderes da Rússia ignoram o fato de que eles foram legalmente impedidos de manter ativos, propriedades e contas bancárias no exterior.
Sanções individuais contra Putin “não seriam dolorosas (mas) politicamente destrutivas”, disse Peskov, que já havia dito que isso significaria cortar relações diplomáticas.
Quando as autoridades iniciaram as negociações entre quatro países em Paris, a Rússia realizou novos exercícios militares em terra e no mar e transferiu mais pára-quedistas e caças para a Bielorrússia, ao norte da Ucrânia, para o que descreve como exercícios conjuntos no próximo mês.
A Ucrânia disse que a Rússia, que reuniu dezenas de milhares de soldados perto de sua fronteira, mas negou planos de invasão, está tentando semear o pânico. O ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, disse que Moscou ainda não reuniu forças suficientes para uma ofensiva em larga escala, mas isso não significa que não possa fazê-lo mais tarde.
Quase oito anos depois que a Rússia tomou a Crimeia e apoiou os combatentes separatistas em Donbass, no leste da Ucrânia, a ex-república soviética tornou-se o foco do confronto Leste-Oeste potencialmente mais perigoso desde a Guerra Fria.
A Rússia diz que a crise está sendo impulsionada por ações da Otan e dos EUA, e está exigindo garantias de segurança do Ocidente, incluindo uma promessa da Otan de nunca admitir a Ucrânia. Moscou vê a Ucrânia como um amortecedor entre a Rússia e os países da OTAN.
Aliados ocidentais ameaçaram sanções econômicas contra a Rússia se ela atacar a Ucrânia, e os Estados Unidos têm conversado com os principais países e empresas produtoras de energia em todo o mundo sobre um possível desvio de suprimentos para a Europa se a Rússia invadir a Ucrânia.
A UE depende da Rússia para cerca de um terço do seu abastecimento de gás. Quaisquer interrupções em suas importações russas exacerbariam uma crise de energia existente causada por escassez.
PALESTRAS DE ‘NORMANDIA’
Em Paris, autoridades da França, Alemanha , Rússia e Ucrânia iniciaram conversas sobre a guerra do Donbass, na qual cerca de 15.000 pessoas foram mortas desde 2014.
Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, chamou as negociações de “um forte sinal para alcançar a paz no leste da Ucrânia”.
Mas ele disse que grandes violações do cessar-fogo estão ocorrendo e descartou a possibilidade de falar diretamente com os separatistas.
As conversações de quatro vias no “formato da Normandia”, que não são realizadas há mais de seis meses, são vistas pelas potências europeias como vitais para permanecerem relevantes no diálogo mais amplo com Moscou, enquanto os Estados Unidos e a Otan mantêm negociações de crise separadas.
Autoridades francesas disseram esperar que algum progresso possa ser feito para ajudar os esforços mais amplos para reduzir as tensões.
Uma autoridade presidencial francesa disse que o objetivo era estabelecer uma data para as negociações sobre medidas humanitárias e libertação de prisioneiros que levariam a negociações sobre o futuro da região de Donbass. No entanto, ele disse que a realidade é que eles usariam as negociações de Paris para determinar se a Rússia estava falando sério.
“Ou o presidente Putin buscará o máximo de tensão conosco, o que significa que será muito difícil avançar nas negociações da Normandia, ou ele avalia que neste grande período de volatilidade, é útil usar esse formato para reduzir as tensões.”
A agência de notícias Interfax citou o Ministério da Defesa russo dizendo que uma unidade de pára-quedistas foi enviada para a Bielorrússia na quarta-feira, um dia depois de mover forças de artilharia e fuzileiros navais antes de exercícios conjuntos no próximo mês.
Ele disse que a Rússia também está transferindo caças Su-35 para a Bielorrússia para os exercícios “Allied Resolve”.
O acúmulo de forças russas na Bielorrússia, um aliado próximo da Rússia e ex-república soviética ao norte da Ucrânia, cria uma nova frente para um possível ataque. consulte Mais informação
A agência de notícias RIA disse que mais de 20 navios russos embarcaram em exercícios no Mar Negro, ao sul da Ucrânia.
Separadamente, as forças de artilharia russas na região sul de Rostov, que faz fronteira com a Ucrânia, devem praticar tiro na quarta-feira como parte de uma inspeção de prontidão de combate no Distrito Militar do Sul, disse o Ministério da Defesa.
Com Reuters
