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Friedrich Merz, líder conservador alemão e vencedor das recentes eleições legislativas, anunciou na segunda-feira sua intenção de formar um governo de coalizão com os social-democratas, que ficaram em terceiro lugar nas eleições, e alertou que o crescimento do partido ultradireitista é “o último aviso” para os partidos tradicionais do país.
“Estou decidido a manter conversações rápidas e construtivas com os social-democratas para formar um governo de coalizão antes da Páscoa”, declarou Merz na sede de seu partido, a União Democrática Cristã (CDU), em Berlim, estabelecendo como prazo o dia 20 de abril.
O bloco conservador CDU/CSU, liderado por Merz, venceu as eleições de domingo, mas precisa de um parceiro para formar o governo, processo que pode se estender consideravelmente. O partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve um histórico 20% de apoio nas urnas, seu melhor resultado eleitoral até hoje.
“Este é realmente o último aviso para os partidos políticos do centro democrático na Alemanha para que cheguem a soluções conjuntas”, alertou Merz em uma coletiva de imprensa em Berlim, referindo-se à ascensão da AfD. O líder conservador destacou especialmente os avanços significativos do partido ultradireitista no leste da Alemanha, antiga região comunista e bastião da AfD, que nos mapas pós-eleitorais apareceu em azul, a cor do partido.
Segundo Merz, seus próprios colegas conservadores o haviam advertido de que a região oriental estava “só alguns anos à frente de vocês no oeste” e que “se não resolverem os problemas, terão o mesmo problema”.
O candidato a chanceler prometeu adotar medidas rigorosas contra a imigração e uma política de “tolerância zero” em questões de lei e ordem para acalmar os temores públicos e recuperar eleitores que se deslocaram para a extrema-direita.
“Devemos trabalhar juntos para resolver os problemas na Alemanha, a fim de privar gradualmente este partido de seu caldo de cultivo”, acrescentou Merz.
A relação com os EUA
Em sua primeira coletiva de imprensa após a vitória eleitoral, Merz também abordou questões cruciais de política externa, particularmente as relações com os Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump e a situação no Oriente Médio.
“Espero que possamos convencer os americanos de que é de nosso interesse mútuo manter boas relações transatlânticas”, disse o líder conservador. No entanto, alertou que “como sempre, é preciso lidar com o pior cenário possível” e que “todas as indicações que estamos recebendo dos Estados Unidos mostram que o interesse pela Europa está diminuindo”.
Merz revelou que teve uma “extensa” conversa telefônica com o presidente francês Emmanuel Macron no domingo à noite, enquanto ele se dirigia a Washington para se reunir com Trump. “Discutimos os temas que ele queria abordar com o presidente americano, e achei que havia total concordância entre o que ele queria dizer e o que eu queria dizer” sobre os laços transatlânticos, afirmou Merz.
A preocupação com um possível distanciamento dos Estados Unidos surge após Trump declarar sua disposição de retomar a diplomacia com o presidente russo Vladimir Putin e manter conversações sem a participação das nações europeias ou da Ucrânia. O presidente americano tem repetido pontos de vista russos sobre a suposta responsabilidade da Ucrânia no início da guerra, gerando inquietação na Europa de que ele possa estar concordando com os termos de Moscou.
“Netanyahu deveria visitar a Alemanha”
Em outra declaração, Merz comprometeu-se a garantir que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu possa visitar a Alemanha, apesar da ordem de prisão emitida pela Corte Penal Internacional (CPI).
“Disse-lhe que deveríamos nos ver em breve após a formação do governo”, indicou Merz. “Caso ele planeje visitar a Alemanha, comprometi-me a encontrar uma maneira de garantir que ele possa visitar a Alemanha e partir novamente sem ser preso”.
O escritório de Netanyahu informou que ele parabenizou Merz, e que o vencedor das eleições alemãs o convidou para uma visita. “Merz agradeceu ao primeiro-ministro pela ligação e disse que o convidaria para uma visita oficial à Alemanha, desafiando abertamente a decisão escandalosa da CPI de rotular o primeiro-ministro como criminoso de guerra”, informou o comunicado.
A CPI emitiu ordens de prisão em novembro contra Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense Yoav Gallant e o falecido chefe militar do Hamas, Mohammed Deif. A corte investiga a conduta de Israel na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, iniciada após os ataques mortais do grupo palestino em 7 de outubro de 2023.
A CPI afirmou que tinha “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant tinham “responsabilidade penal” pelos crimes de guerra de fome em Gaza, bem como pelos crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos. Netanyahu descartou a medida, chamando-a de antissemita.
Merz classificou como “uma ideia completamente absurda” que um primeiro-ministro israelense não pudesse visitar a Alemanha. O governo de Berlim havia dito anteriormente que estava “analisando” a ordem da CPI e que estava obrigado pelo tribunal, embora os funcionários alemães evitassem cuidadosamente dizer se agiriam conforme a ordem, referindo-se à “grande responsabilidade da Alemanha para com Israel” em consequência do Holocausto.
No início deste mês, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs sanções à CPI, acusando-a de “abusar de seu poder” ao emitir a ordem contra Netanyahu.
