Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão. Telegram: [link do Telegram]
WhatsApp: [link do WhatsApp]
O Vaticano confirmou, nesta segunda-feira (21), a morte do papa Francisco, aos 88 anos. O pontífice faleceu às 7h35 (horário local), na Casa Santa Marta, residência oficial no Vaticano. A informação foi divulgada oficialmente pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Igreja Romana, em comunicado publicado no canal da Santa Sé no Telegram.
A notícia foi dada publicamente por Farrell às 9h45 da manhã, direto da Casa Santa Marta, com uma mensagem comovente:
“Queridos irmãos e irmãs, com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, entregamos a alma do Papa Francisco ao amor misericordioso e infinito do Deus Uno e Trino.”
A despedida do líder católico ocorre apenas um dia após sua última aparição pública, quando acenou aos fiéis da sacada da Basílica de São Pedro durante a missa de Páscoa. Visivelmente debilitado, Francisco emocionou os presentes ao deixar uma mensagem de paz e tolerância.
O pontífice havia recebido alta hospitalar em 23 de março, após 38 dias internado no Hospital Policlínico Agostino Gemelli por conta de uma grave pneumonia. A internação começou em 14 de fevereiro, após dias com sintomas de bronquite, que evoluíram para um quadro de pneumonia bilateral diagnosticado em 18 de fevereiro.
Em 1957, ainda jovem, Jorge Mario Bergoglio passou por uma cirurgia para remover parte de um dos pulmões, após uma infecção respiratória grave. Desde então, enfrentou episódios recorrentes de doenças pulmonares. Em novembro de 2023, chegou a cancelar uma viagem aos Emirados Árabes Unidos por conta de gripe e inflamação nos pulmões.
Mesmo com a saúde frágil, o papa surpreendeu ao comparecer brevemente à celebração de Páscoa. Foi ovacionado por uma multidão que lotava a Praça de São Pedro. Sua presença foi interpretada como um gesto de fé e coragem.
Em abril de 2024, Francisco aprovou a nova edição do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, livro litúrgico que orienta os ritos fúnebres de um papa. A versão atualizada será utilizada na celebração ainda sem data confirmada. Entre as mudanças, está o novo protocolo para o manejo do corpo do pontífice: a constatação oficial da morte agora ocorre em uma capela, e o corpo deve ser imediatamente colocado no caixão.
Segundo o arcebispo Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, Francisco havia solicitado que as cerimônias fossem simplificadas, com foco na fé da Igreja na ressurreição.
“O rito renovado”, afirmou Ravelli, “busca reforçar ainda mais que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo, e não de uma figura poderosa deste mundo.”
Nascido em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio era filho de imigrantes italianos. Ingressou na Companhia de Jesus aos 21 anos e foi ordenado sacerdote em 1969. Chegou ao posto de arcebispo da capital argentina antes de ser eleito, em 2013, como o primeiro papa latino-americano da história.
O caminho até o Vaticano teve momentos de silêncio e distanciamento. Durante os anos 1990, foi enviado a Córdoba como confessor, num período que ele mesmo chamou de “exílio espiritual”. Só voltou a ganhar projeção graças ao cardeal Antonio Quarracino, que reconheceu seu talento pastoral.
Ao longo de 12 anos de pontificado, Francisco ficou marcado por sua simplicidade e por discursos contundentes em defesa da justiça social. Promoveu o diálogo com minorias e buscou renovar a postura da Igreja diante de temas como imigração, meio ambiente e tolerância religiosa.
Na Argentina, sua relação com os governos dos Kirchner foi tensa. Crítico do “exibicionismo político” e do avanço da pobreza, tornou-se alvo de desconfiança por parte do governo. Ainda assim, teve papel importante durante a crise de 2001, ao mediar diálogos em busca de soluções sociais.
Também enfrentou acusações infundadas sobre sua atuação durante a ditadura militar argentina, que acabaram desmentidas por investigações. Mesmo após sua eleição, a resistência a seu nome persistiu em setores da sociedade, a ponto de a então presidente Cristina Kirchner evitar chamá-lo de “argentino” em pronunciamentos oficiais.
