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O aclamado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização de reflorestamento fundada por ele e sua esposa, Lélia Wanick Salgado.
Segundo a família, a causa da morte foi uma leucemia grave, que se desenvolveu a partir de complicações de uma malária contraída pelo fotógrafo em 2010, durante uma visita à Indonésia.
“Por mais de cinco décadas, junto com sua companheira Lélia Wanick Salgado, criou uma obra fotográfica inigualável. Rica em conteúdo humano, oferece uma perspectiva sensível sobre as populações mais desfavorecidas, com uma perspectiva sobre os problemas ambientais que ameaçam nosso planeta”, afirmou a família em comunicado. A nota acrescentou que, por seu trabalho fotográfico, com o qual “lutou por um mundo mais justo”, Salgado “viajava por todo o mundo”, o que o levou a contrair “uma forma rara de malária” na Indonésia em 2010, enquanto trabalhava no projeto Gênesis. “Quinze anos depois, as complicações desta doença resultaram em uma leucemia grave, que acabou por vencê-lo”, completou a nota.
Legado e Escolha pelo Preto e Branco
Ao lado de sua esposa Lélia, Sebastião fundou o Instituto Terra, uma organização dedicada ao reflorestamento em Aimorés, sua cidade natal em Minas Gerais, que já plantou mais de três milhões de árvores.
Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, Salgado recebeu inúmeras honrarias e prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio World Press Photos, o Prêmio Unesco para Iniciativas Bem-Sucedidas e o Prêmio Jabuti de Literatura, pelo livro “Terra”. Ele também foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Espírito Santo.
Considerado um dos maiores fotojornalistas do mundo, Salgado viajou por mais de 100 países para seus projetos fotográficos, e sua obra está registrada em diversas publicações, como “Outras Américas” (1986), “Serra Pelada” (1999), “O Berço da Desigualdade” (2005) e “Kuwait, um deserto em chamas” (2016).
O preto e branco era uma escolha consciente e marcante em sua obra. Em 1995, Salgado contou à Folha de S.Paulo que, embora tenha começado fotografando em cores, migrou para o preto e branco por afinidade, sentindo que essa paleta era mais adequada para seu modo de ver e representar o mundo. Ele explicava que a cor o distraía, tirando o foco do “fato principal da fotografia”.
“No momento em que eu presto mais atenção ou me preocupo com a cor, como na camiseta vermelha de uma garota, posso ter perdido o mais importante, a sua expressão”, disse o fotógrafo em 2022. Para ele, o preto e branco transmitia melhor a emoção, permitindo “transmitir algo nas gamas de cinza, e não mais de maneira escandalosa e acintosa como eram com as cores”.
“Sou obrigado a entrar nesse mundo fantasma para poder restituir a realidade do que estou vendo. O preto e branco é uma ficção, e sou obrigado a entrar na ficção para me concentrar”, afirmou Salgado.
Parte da vida e das viagens do artista foram documentadas no filme “O Sal da Terra”, premiado em Cannes em 2014 e indicado ao Oscar de Melhor Documentário. A obra foi codirigida pelo cineasta alemão Wim Wenders e por Juliano Ribeiro Salgado, filho do fotógrafo.
