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Um relatório internacional revelou a magnitude do apoio militar que a Coreia do Norte tem fornecido à Rússia na guerra na Ucrânia, desafiando abertamente as sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU). As informações foram divulgadas pela CNN.
O documento detalha que Pyongyang enviou milhares de soldados, mísseis balísticos e milhões de munições para Moscou, o que permitiu intensificar os ataques russos contra cidades e infraestruturas civis ucranianas. Essa cooperação, que vai além do fornecimento de armamentos, inclui também o intercâmbio de tecnologia militar e recursos estratégicos, levantando sérias preocupações sobre a segurança internacional e o futuro do conflito.
Detalhes do Relatório MSMT
O relatório, elaborado pelo Multilateral Sanctions Monitoring Team (MSMT), um grupo composto por 11 países membros da ONU, expõe com números precisos o alcance do apoio norte-coreano à Rússia. Somente em 2024, a Coreia do Norte enviou até 9 milhões de projéteis de artilharia e munições. Durante o ano passado, mais de 11.000 soldados norte-coreanos participaram de operações militares em território russo, e nos primeiros meses deste ano, outros 3.000 efetivos se juntaram.
O arsenal transferido não se limita a munições convencionais. O MSMT documentou o envio de pelo menos 100 mísseis balísticos, que foram posteriormente lançados contra alvos na Ucrânia, incluindo ataques direcionados a infraestruturas civis e zonas densamente povoadas como Kyiv e Zaporizhzhia. Além disso, o relatório aponta a transferência de lançadores de foguetes, veículos militares, canhões autopropulsados e outros tipos de artilharia pesada.
A informação, publicada pela CNN, atribui esses dados aos estados participantes do MSMT, que também se basearam em investigações do Open Source Centre (OSC) e da Conflict Armament Research (CAR), duas organizações britânicas especializadas no rastreamento de armamentos e na análise de fontes abertas.
Impacto da Cooperação
O relatório enfatiza que a cooperação militar entre Coreia do Norte e Rússia teve consequências diretas no desenvolvimento da guerra na Ucrânia e em sua população civil. Segundo o documento, “estas formas de cooperação ilícita entre Coreia do Norte e Rússia contribuíram para a capacidade de Moscou de aumentar seus ataques com mísseis contra cidades ucranianas, incluindo ataques direcionados a infraestruturas civis críticas”.
A utilização de mísseis balísticos norte-coreanos no conflito intensificou a destruição em áreas urbanas e elevou o nível de ameaça para a população civil. A CNN detalhou que os ataques afetaram especialmente cidades como Kiev e Zaporizhzhia, onde a infraestrutura energética e de transporte foi alvo de bombardeios.
Ambos os países violaram o embargo de armas imposto pela ONU, transferindo armamentos e equipamentos militares por meio de redes e atores que se esquivam das sanções internacionais. O MSMT alerta que essa colaboração não apenas desafia o regime de sanções, mas também permite à Coreia do Norte financiar e aprimorar seus próprios programas militares, em particular o desenvolvimento de mísseis balísticos, proibido por múltiplas resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
A relação entre Moscou e Pyongyang não se limita ao envio de armas e tropas. O relatório do MSMT indica que a Rússia forneceu à Coreia do Norte tecnologia militar avançada e recursos estratégicos em troca do apoio recebido no front ucraniano. Entre os materiais transferidos estão sistemas de defesa antiaérea, mísseis antiaéreos, equipamentos de guerra eletrônica e petróleo refinado.
Além disso, Moscou compartilhou dados técnicos sobre o desempenho dos mísseis balísticos norte-coreanos utilizados na Ucrânia, o que permitiu a Pyongyang melhorar a precisão e a eficácia de seus sistemas de guiamento. O relatório destaca que esse intercâmbio de informações e tecnologia oferece à Coreia do Norte a oportunidade de obter experiência direta em cenários de guerra moderna, o que poderia se traduzir em avanços significativos em suas capacidades militares. O MSMT adverte que esses benefícios permitem à Coreia do Norte financiar seus programas armamentistas e continuar desenvolvendo mísseis balísticos, em aberta violação das resoluções da ONU.
Reações e Declarações
A publicação do relatório gerou reações imediatas entre os países membros do MSMT, que incluem Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Países Baixos, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos. Em um comunicado conjunto, repercutido pela CNN, essas nações instaram a Coreia do Norte a “participar em uma diplomacia significativa”.
Governos ocidentais manifestaram crescente preocupação com o fortalecimento da aliança estratégica entre Rússia e Coreia do Norte. Nos últimos meses, os Estados Unidos alertaram que Moscou poderia estar perto de transferir tecnologia espacial e de satélites avançada para Pyongyang, como parte da troca pelo apoio militar norte-coreano na Ucrânia.
O chefe de Estado russo reconheceu em abril, pela primeira vez, a participação de soldados norte-coreanos em combates para recuperar território russo após a incursão ucraniana na região de Kursk. A Coreia do Norte também confirmou a presença de suas tropas nessa área no mesmo mês, segundo a CNN.
Putin lançou um aviso direto ao Ocidente: se os países ocidentais continuarem fornecendo armas à Ucrânia, a Rússia poderá responder fornecendo armamento à Coreia do Norte.
A presença de tropas norte-coreanas na região russa de Kursk remonta a, pelo menos, novembro do ano passado, segundo autoridades ucranianas citadas pela CNN. No entanto, esses efetivos se retiraram das linhas de frente em janeiro, após relatos de baixas massivas.
Apesar das evidências apresentadas pelo MSMT e outras organizações, tanto a Rússia quanto a Coreia do Norte negaram oficialmente que Pyongyang esteja fornecendo armas a Moscou. Contudo, no ano passado, ambos os países assinaram um pacto de defesa mútua, comprometendo-se a usar todos os meios disponíveis para prestar assistência militar imediata caso um deles seja atacado.
