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O Japão executou nesta sexta-feira (27) Takahiro Shiraishi, conhecido como o “assassino do Twitter”, que havia sido condenado à pena capital pelo homicídio e desmembramento de nove pessoas em 2017. A execução, realizada por enforcamento, marca a primeira aplicação da pena de morte no país desde 2022, conforme noticiado pela NHK e Kyodo News, citando fontes governamentais. O Ministério da Justiça não confirmou imediatamente o procedimento, mas anunciou uma próxima coletiva de imprensa.
Shiraishi, de 34 anos, foi sentenciado em 2020 após se declarar culpado dos crimes, cometidos entre agosto e outubro de 2017. As vítimas – oito mulheres e um homem – tinham entre 15 e 26 anos e foram contatadas por Shiraishi através do Twitter (atual X). Segundo a investigação judicial, as vítimas manifestavam pensamentos suicidas nas redes sociais e Shiraishi se oferecia para “ajudá-las a morrer”. Posteriormente, ele as atraía para sua casa na cidade de Zama, província de Kanagawa, onde as assassinava e esquartejava.
Durante o julgamento, Shiraishi reconheceu os fatos e não demonstrou arrependimento. “Sim, eu os matei, e não há dúvida disso”, declarou ao tribunal. O caso chocou a opinião pública japonesa pela brutalidade dos atos e pela utilização das redes sociais para capturar suas vítimas.
Os corpos foram desmembrados e armazenados em caixas e coolers em seu pequeno apartamento. A polícia descobriu o caso após a denúncia do irmão de uma das vítimas, que conseguiu acessar a conta de sua irmã no Twitter e identificar uma conversa com o acusado.
Pena de Morte no Japão: Sigilo e Críticas
A pena de morte no Japão é aplicada exclusivamente por enforcamento e é realizada em segredo. Os condenados são informados de sua execução poucas horas antes do ato, uma prática criticada por organizações internacionais por seus efeitos sobre a saúde mental dos presos. Embora a lei japonesa estabeleça que a execução deve ocorrer dentro de seis meses após a sentença final, na prática, costumam decorrer vários anos.
Em dezembro de 2023, o Ministério da Justiça informou que havia 107 pessoas no corredor da morte. Os detentos são mantidos em regime de isolamento por anos, sem saber quando sua condenação será executada. “A incerteza permanente constitui uma forma de tortura psicológica”, alertou a Anistia Internacional em diversas ocasiões.
O Japão, junto com os Estados Unidos, é um dos dois países do G7 que ainda mantêm a pena de morte. A sociedade japonesa, no entanto, demonstra um alto grau de apoio à prática. De acordo com uma pesquisa do governo de 2024, 83% dos entrevistados consideram que a pena capital é “inevitável” para certos crimes.
A última execução no Japão antes do caso de Shiraishi ocorreu em 2022, quando foi executado Tomohiro Kato, condenado por um ataque com veículo e faca no bairro de Akihabara em 2008, que deixou sete mortos. Naquela ocasião, Kato declarou à polícia: “Vim a Akihabara para matar. Não importava quem”.
Entre as execuções mais relevantes na história recente do Japão, destacam-se as de 2018, quando foram executados o líder da seita Aum Shinrikyo, Shoko Asahara, e 12 de seus seguidores, responsáveis pelo ataque com gás sarin no metrô de Tóquio em 1995, que deixou 14 mortos e mais de 5.000 afetados.
O caso Shiraishi reabre o debate sobre a pena de morte, o uso de redes sociais para a captação de vítimas vulneráveis e a necessidade de maior vigilância sobre conteúdos relacionados com o suicídio na internet. A execução foi recebida com atenção pelos meios de comunicação e por organizações de direitos humanos, que insistem na necessidade de maior transparência no sistema penal japonês.
