Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Telegram: [link do Telegram] WhatsApp: [link do WhatsApp]
Os restos mortais entregues na noite de segunda-feira (27) pelo grupo Hamas não pertencem a nenhum dos 13 reféns israelenses mortos que ainda estariam em poder de militantes na Faixa de Gaza, informaram na terça-feira veículos israelenses, citando o Instituto Nacional Forense do Ministério da Saúde de Israel. Segundo os mesmos relatos, os restos seriam de uma pessoa cuja devolução já havia ocorrido anteriormente e que já havia sido sepultada em Israel.
De acordo com o jornal Times of Israel, as amostras entregues coincidem com as do Ofir Tzarfati, cujo corpo — já recuperado pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) em dezembro de 2023 — havia sido enterrado após sua morte naquele ano. Familiares de Tzarfati foram notificados por militares sobre a devolução de novos fragmentos identificados como pertencentes a ele.
Governo israelense considera ato uma violação do acordo
A Oficina do Primeiro-Ministro de Israel (PMO) classificou a entrega como “uma clara violação do acordo”, já que o compromisso previa a devolução dos corpos dos 13 reféns mortos que ainda estariam em Gaza. O primeiro‑ministro Benjamin Netanyahu convocou uma avaliação de segurança com autoridades de defesa para discutir “medidas de resposta” às supostas infrações, informou o gabinete.
Por sua vez, o Hamas declarou, após a entrega de um caixão ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que se tratava de um novo corpo fornecido dentro do acordo de cessar-fogo. Não é a primeira vez que há confusão nesse processo: em outubro ocorreram incidentes semelhantes, quando entre três corpos entregues um não pôde ser identificado após análise forense.
Dificuldades logísticas em Gaza e busca por cadáveres
A identificação de corpos na Faixa de Gaza tem sido dificultada pela falta de equipamentos forenses nos hospitais locais e pela destruição generalizada causada pelos combates. A própria organização que entregou os restos admitiu problemas logísticos: muitos corpos estariam soterrados sob escombros e informações sobre locais de sepultamento teriam sido perdidas com a morte de comandantes que as detinham.
Desde a entrada em vigor do cessar-fogo, em 10 de outubro, o Hamas tem reiterado sua disposição em facilitar a devolução de todos os corpos, tentando evitar que Israel use o tema como pretexto para retomar os bombardeios.
No domingo anterior, facções palestinas ampliaram as buscas por cadáveres para áreas além da chamada “linha amarela” — a faixa que permanece sob controle militar israelense e que corresponde a 53% da Faixa de Gaza após um recuo parcial das forças de Israel. Nas escavações participaram o CICV e uma equipe enviada pelo Egito, que levou máquinas pesadas para remover entulho. Autoridades locais em Gaza estimam que pelo menos 7.000 palestinos continuam sob os escombros, enquanto Israel ainda reluta em autorizar a entrada de equipes especializadas em remoção.
Reações internas em Israel e pressão diplomática
A entrega equivocada do corpo provocou reações duras de membros do governo israelense. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, e o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, falaram em “violações reiteradas” por parte do Hamas e pediram medidas punitivas. Ben Gvir chegou a exigir a retomada imediata dos ataques em Gaza, enquanto Smotrich pediu que as FDI capturassem todos os liberados sob o acordo de reféns, como resposta às infrações.
No campo diplomático, mediadores — com destaque para os Estados Unidos — intensificam a pressão sobre o Hamas para que complete a entrega dos corpos, considerada condição essencial para avançar à fase seguinte de um plano que prevê, entre outros pontos, o desarmamento do grupo, a desmilitarização de Gaza e a criação de uma administração civil que inicie a reconstrução do território. Essas propostas constam em um plano defendido, publicamente, por líderes internacionais como parte de uma saída para a crise humanitária e de segurança na região.
(Com informações de agências internacionais)
