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Um estudo financiado pelo governo dos Estados Unidos sugere que o consumo excessivo de carne vermelha processada, como bacon e salsichas, pode aumentar o risco de demência ao longo da vida. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Harvard e acompanhou 133.000 adultos por quatro décadas, analisando os impactos do consumo de carne vermelha processada e não processada na saúde cerebral.
O estudo revela que o consumo de uma porção diária de carne vermelha processada – o equivalente a cerca de duas fatias de bacon ou uma salsicha – está associado a um aumento de 13% no risco de demência. Além disso, substituindo uma porção diária de carne vermelha processada por uma quantidade equivalente de peixe, o risco de desenvolver a doença pode ser reduzido em até 28%.
No entanto, o achado mais controverso da pesquisa está relacionado ao consumo de carne vermelha não processada. Ao contrário das expectativas, a ingestão de pelo menos uma porção diária de carne não processada – como bife de alcatra, carne moída ou cordeiro – foi associada a um aumento de 16% no risco de declínio cognitivo, um precursor da demência.
De acordo com os pesquisadores do Mass General Brigham, a carne vermelha processada contém nitritos, usados como conservantes, que podem gerar radicais livres que danificam o cérebro. Além disso, o alto teor de sal de alimentos como o bacon pode elevar a pressão arterial, prejudicando os vasos sanguíneos e reduzindo o fluxo sanguíneo para o cérebro, contribuindo para a demência vascular, a segunda forma mais comum de demência.
Desafios e Limitações do Estudo
Embora os resultados do estudo sejam alarmantes, os especialistas alertam para a necessidade de cautela. A pesquisa não encontrou uma ligação direta entre carne vermelha não processada e o diagnóstico de demência, e muitos acreditam que os dados podem ser afetados por outros fatores de estilo de vida, como a prática de atividades físicas e a alimentação equilibrada. Além disso, o estudo não levou em consideração o consumo de bife, um dos tipos mais comuns de carne vermelha não processada nos Estados Unidos.
Outros especialistas, como o cirurgião Dr. Peter Attia, apontam falhas nos estudos epidemiológicos sobre os efeitos da carne vermelha na saúde. Ele argumenta que a pesquisa epidemiológica não consegue identificar causação, apenas associações. Ele explica que as pessoas que consomem mais carne vermelha tendem a ter outros comportamentos de risco para a saúde, como fumar e consumir mais alimentos processados, enquanto os que evitam a carne vermelha frequentemente adotam hábitos mais saudáveis.
O Impacto Global da Demência
Atualmente, cerca de 8 milhões de americanos vivem com algum tipo de demência, com 500.000 novos casos diagnosticados anualmente. Estima-se que esse número aumente para 179.000 por ano até 2060. No Reino Unido, quase 1 milhão de pessoas são afetadas pela condição, e a previsão é que esse número cresça para 1,4 milhão até 2040, segundo a Alzheimer’s Society.
Embora o estudo tenha sido amplamente criticado, ele oferece uma perspectiva importante sobre os possíveis riscos do consumo excessivo de carne vermelha processada. Com a crescente prevalência de doenças cognitivas no mundo, os pesquisadores sugerem que reduzir o consumo de carne vermelha e substituí-la por outras fontes de proteína, como peixe e opções à base de plantas, poderia ser benéfico para a saúde cerebral.
