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Tratar herpes labial com medicamentos antivirais pode reduzir em até 17% o risco de desenvolver Alzheimer, segundo uma pesquisa realizada nos Estados Unidos. O estudo reforça a hipótese de que o vírus herpes simples tipo 1 (HSV-1), responsável pelas feridas nos lábios, pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da doença.
Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que o HSV-1 pode permanecer dormente nas células humanas durante toda a vida e ser reativado em momentos de baixa imunidade, provocando sintomas que lembram os da demência. O vírus também está associado a alterações cerebrais semelhantes às encontradas em pacientes com Alzheimer, como a presença de placas amiloides e inflamações.
A nova pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Washington, em Seattle, e da farmacêutica Gilead Sciences, analisou dados de mais de 344 mil pessoas com Alzheimer diagnosticadas entre 2001 e 2006, todas com mais de 50 anos. A maioria (65%) era composta por mulheres, com idade média de 73 anos. Os dados foram comparados aos de um grupo de controle com o mesmo número de pessoas sem a doença.
Entre os diagnosticados com Alzheimer, 1.507 (0,44%) tinham histórico de infecção por HSV-1, enquanto no grupo controle apenas 823 (0,24%) haviam contraído o vírus. A presença do HSV-1 foi associada a um aumento de 80% no risco de desenvolver Alzheimer. No entanto, entre os infectados que usaram antivirais, o risco foi 17% menor em comparação com os que não receberam tratamento.
Dos 2.330 indivíduos com histórico de HSV-1, 931 (40%) usaram antivirais após o diagnóstico. No Reino Unido, medicamentos como o aciclovir são comumente utilizados para tratar herpes labial, catapora e herpes zoster.
Apesar dos resultados, especialistas alertam para a interpretação cuidadosa dos dados. O Dr. David Vickers, da Universidade de Calgary, no Canadá, que não participou da pesquisa, afirmou que o estudo superestima o papel do HSV-1 no Alzheimer, já que o vírus não estava presente em 99,56% dos casos analisados. Ele ressaltou ainda que a redução de 17% representa, na prática, um atraso de apenas nove meses no início da doença.
Os autores, que publicaram os resultados no periódico BMJ Open, afirmam que os dados sugerem um possível papel do HSV-1 no desenvolvimento do Alzheimer e destacam os antivirais como uma alternativa promissora de prevenção. A equipe também avaliou outros vírus da família herpes, como o HSV-2 (herpes genital), o vírus varicela-zoster (que causa catapora e herpes zoster) e o citomegalovírus, todos associados a um aumento no risco da doença.
Embora o mecanismo exato ainda não seja totalmente compreendido, os pesquisadores destacam que processos inflamatórios desencadeados por essas infecções no cérebro parecem estar diretamente ligados ao surgimento da demência.
Além do tratamento com antivirais, outras formas de reduzir o risco de Alzheimer incluem manter-se fisicamente ativo, adotar uma alimentação equilibrada, exercitar a mente, controlar doenças crônicas, dormir bem e cuidar da saúde cardiovascular.a
