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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (25) que a Polícia Federal ouça, no prazo de cinco dias, o advogado Paulo Cunha Bueno — que atua na defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — e o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência, Fábio Wajngarten. A decisão ocorre no âmbito do inquérito que apura possível obstrução de investigação criminal ligada a organização criminosa.
A medida foi tomada a partir de relatos da defesa do tenente-coronel Mauro Cid, delator no processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo o advogado de Cid, Cezar Bitencourt, o também advogado Eduardo Kuntz — alvo da investigação — teria procurado insistentemente familiares de Cid, incluindo a filha de 14 anos, a mãe e a esposa do militar. O celular da adolescente foi entregue à PF como parte das investigações.
De acordo com Bitencourt, “outro advogado que também atua – ou atuava – na defesa do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, Fábio Wajngarten, igualmente, fez intensa tentativa de falar com a família e com Mauro Cid”. Ele afirma que, durante eventos na Hípica de São Paulo, “o Dr. Luiz Eduardo Kuntz, uma vez acompanhado pelo Dr. Paulo Costa Bueno, cercaram-na no sentido de demover a defesa então constituída por Mauro Cid”.
A investigação teve início após Kuntz anexar ao processo prints e áudios de conversas com Cid por meio do perfil de Instagram “gabrielar702”, que tratariam da delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O acordo de colaboração premiada de Cid prevê sigilo sobre o conteúdo dos depoimentos, sob risco de perda dos benefícios, como o direito de responder ao processo em liberdade.
Durante sessão no STF, o advogado Celso Vilardi — também da defesa de Bolsonaro — questionou Cid sobre o uso do perfil. O militar negou. “Conhece um perfil chamado ‘gabrielar702’?”, perguntou Vilardi. Cid hesitou: “Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa”.
No dia 12 de junho, a revista Veja publicou reportagens com mensagens atribuídas a Cid entre janeiro e março de 2024, nas quais ele teria usado o perfil “gabrielar702” para criticar a PF e o ministro Moraes. A defesa de Cid negou a autenticidade: “total falsidade da matéria e de seu conteúdo”, afirmou Bitencourt, classificando a publicação como “mais uma miserável fake news”.
Entretanto, após ordem de Moraes, a Meta informou ao STF que o perfil foi criado com um e-mail registrado em nome de Mauro Cid. O Google confirmou que o e-mail foi criado em 2005 e que a data de nascimento vinculada à conta coincide com a do militar. Segundo relatório da Meta, houve troca de mensagens entre os advogados Kuntz e Paulo Cunha Bueno com o perfil investigado.
A decisão de Moraes aprofunda as apurações sobre tentativas de interferência nas investigações envolvendo o ex-ajudante de ordens do ex-presidente e reforça o cerco judicial sobre aliados de Jair Bolsonaro.
