De acordo com informações divulgadas pela Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (31) após deflagar a maior operação contra o PCC (Primeiro Comando da Capital), cerca de 220 assassinos e membros presos do alto escalão da facção criminosa estavam recebendo uma mesada da facção criminosa como forma de pagamento por cumprir “missões” em nome do grupo.
Mesmo sem divulgar os valores, pois o processo ainda corre em segredo de Justiça, o delegado Alexsander Castro de Oliveira, da Polícia Federal, informou que a gratificação era paga de acordo com o grau de responsabilidade da “missão”.
“O valor é tabelado. Se a facção determinou que, por suposição, ele executasse um juiz e o suspeito fosse condenado e enviado para o sistema prisional, ele recebe um valor. Para outras ações, o valor é outro.”
Um mapeamento dos pagamentos feitos aos 220 envolvidos foram feitos pelos investigadores, eles chegaram a conclusão que o esquema acontece desde janeiro de 2018. Os valores eram repassados através de “laranjas”, que forneciam as contas bancárias para colaborar no esquema.
Ainda segundo a PF, a facção criminosa tem um departamento responsável por cuidar exclusivamente destes casos. Dentro da facção a sessão é conhecida como “Setor de Ajuda”.
Megaoperação
A operação Caixa Forte 2, é a continuação da ação deflagrada em 2019, que revelou que os pagamentos foram feitos por meio de 252 contas bancárias. Hoje pela manhã, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 1 milhão em cada uma dessas contas.
A ação cumpre 422 mandados de prisão preventiva e 201 de busca e apreensão, em mais de 90 cidades. A maior parte deles tem como destino os Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Ainda de acordo com a polícia foram encontrados cerca de R$ 6 milhões em notas nacionais e em dólares, na casa de um dos suspeitos, na cidade de Santos, litoral sul de São Paulo.
A operação realizada pela Ficco (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado) também contou com a ajuda da Polícia Civil de Minas Gerais, já que a primeira fase foi investigada no Estado.
O delegado Murillo Ribeiro, da Polícia Civil, afirmou que um dos objetivos foi conseguir enfraquecer o grupo criminoso ao atacar diretamente a base financeira do grupo.
“Foi possível apontar não só a participação em organização criminosa, mas também um esquema de lavagem de dinheiro. Esses recursos são provenientes, na maior parte, do narcotráfico.”
Retaliação
O delegado Alexsander Castro de Oliveira, da Polícia Federal, revelou que ainda existem mandados a serem cumpridos, mas não foi possível informar quantos.
Quando questionado em relação ao risco de uma retaliação por parte de membros do PCC, como os ataques ocorridos em 2006, em São Paulo, o agente garantiu que a corporação se prepara para evitar os problemas.
“Esses ataques de 2006 foram em retaliação a uma ameaça de remoção dos presos. Essa remoção foi feita em 2019. Todos imaginávamos que haveria um confronto como em 2006, o que não acabou ocorrendo. Mas estamos atentos às movimentações e realizando trabalhos de inteligência para nos dar pistas sobre algo que possa a vir ocorrer.”
Confira abaixo a lista dos locais onde a operação foi realizada:
1. Acre
2. Alagoas
3. Amazonas
4. Ceará
5. Distrito Federal
6. Goiás
7. Minas Gerais
8. Mato Grosso do Sul
9. Mato Grosso
10. Pará
11. Pernambuco
12. Paraná
13. Rio de Janeiro
14. Rio Grande do Norte
15. Rondônia
16. Roraima
17. Rio Grande do Sul
18. Santa Catarina
19. São Paulo