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Neste domingo, Vladimir Putin assegurou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “restabelecerá a ordem” mundial “com rapidez” e acabará submetendo sem problemas as “elites europeias” que, segundo o mandatário russo, tentaram boicotar seu retorno à Casa Branca.
“Trump, com seu caráter, com sua tenacidade, muito em breve colocará ordem. E tudo isso, vocês verão, acontecerá bastante rápido”, disse o chefe do Kremlin sobre as relações do presidente dos EUA com os políticos europeus em uma entrevista que será transmitida pelo programa da televisão estatal “Moscou.Kremlin.Putin”.
Putin acrescentou que “em breve todos eles (os políticos europeus) se colocarão ao lado do mestre e terminarão abanando o rabo carinhosamente”.
Segundo o jornalista russo Pável Zarubin, que publicou trechos da entrevista em seu canal no Telegram, os europeus lutaram ativamente contra Trump porque “por mentalidade gostavam mais” do ex-presidente Joe Biden.
“Trump tem outra visão do que é bom e do que é ruim, incluindo o que se refere à política de gênero e alguns outros assuntos”, indicou o mandatário russo.
“Simplesmente não gostam de Trump e lutaram ativamente contra ele”, acrescentou Putin, assegurando que essas elites “interferiram na vida política e no processo eleitoral nos Estados Unidos” para acabar “confusas” quando o mandatário republicano conseguiu a vitória nas urnas.
As declarações do presidente russo chegam em um momento em que Trump sugeriu ter mantido “conversas muito sérias” com a Rússia sobre a guerra na Ucrânia. Na sexta-feira, Trump indicou que sua administração poderia tomar “medidas significativas” para pôr fim ao conflito, embora tenha se mostrado evasivo quando questionado se havia falado diretamente com Putin.
A relação entre Trump e Putin tem sido objeto de intenso escrutínio desde a campanha presidencial de 2016, quando o então candidato republicano pediu publicamente à Rússia que encontrasse os e-mails apagados de Hillary Clinton. Trump também se posicionou ao lado de Putin em relação às agências de inteligência dos EUA sobre a interferência russa nas eleições de 2016, chegando a descrever o líder russo como “bastante inteligente” por sua invasão à Ucrânia.
Putin, por sua vez, recentemente elogiou Trump como um “homem inteligente e experiente” e apoiou suas afirmações infundadas sobre uma suposta fraude nas eleições de 2020. “Não poderia discordar dele que, se tivesse sido presidente, se não tivessem roubado sua vitória em 2020, a crise que surgiu na Ucrânia em 2022 poderia ter sido evitada”, declarou Putin à televisão estatal russa.
Ao mesmo tempo, os comentários do chefe de Estado russo ocorrem em meio a crescentes tensões entre Moscou e o Ocidente. Na sexta-feira, Putin autorizou a saída do banco de investimento americano Goldman Sachs da Rússia, um movimento simbólico que reflete o isolamento econômico do país após a invasão à Ucrânia. Simultaneamente, a Rússia acusou os Estados Unidos de tentar militarizar o espaço, com a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, criticando os planos de defesa antimísseis dos EUA.
Trump, em sua campanha para 2024, prometeu pôr fim rapidamente à guerra na Ucrânia e criticou repetidamente a administração Biden por destinar bilhões de dólares em ajuda militar e econômica a Kiev. O presidente também questionou o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, sugerindo que ele deveria ter chegado a um acordo com Putin para evitar o conflito.
Críticas à Classe Política Europeia
Na entrevista, Putin também criticou duramente a atual classe política europeia, contrastando-a com líderes históricos como Charles de Gaulle, Francois Mitterrand e Jacques Chirac da França, ou Willy Brandt, Helmut Kohl e Gerhard Schroeder da Alemanha.
“Hoje praticamente não há pessoas assim”, lamentou Putin, acrescentando que alguns líderes atuais “nem sequer têm formação, não estão em seu lugar e se ocupam de assuntos dos quais nunca se ocuparam do ponto de vista dos interesses dos cidadãos europeus”.
“Isso é uma desgraça”, assegurou.
Putin também aproveitou para dedicar algumas palavras particulares à Alemanha – especialmente em meio à comemoração do 80º aniversário da libertação do campo de concentração nazista de Auschwitz, para a qual a Rússia não foi convidada por invadir a Ucrânia – ao considerar que a geração atual não tem culpa pelos crimes do nazismo.
“A sociedade alemã atual não tem nada a ver com isso. Sim, a memória histórica, é claro, existe e devemos lembrá-la, e não devemos esquecê-la, mas transferir a culpa para a geração atual de alemães pelo que aconteceu me parece injusto”, disse Putin.
Essa declaração do mandatário russo repete a feita pelo magnata Elon Musk durante uma recente participação em um comício do partido ultradireitista alemão Alternativa para a Alemanha, condenada posteriormente pelo governo de Berlim ao entender que essa relutância em assumir a chamada “culpa histórica” é, na realidade, um termo filonazista.
