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Eleitores venezuelanos foram às urnas neste domingo (25) para escolher deputados, governadores e outras autoridades, em um cenário marcado pela repressão governamental intensificada e apelos da oposição para boicotar o pleito.
Esta é a primeira eleição com ampla participação eleitoral desde a disputa presidencial do ano passado, na qual o presidente Nicolás Maduro alegou vitória, apesar de evidências críveis em contrário. O pleito ocorre apenas dois dias depois de o governo prender dezenas de pessoas, incluindo um líder oposicionista, sob a acusação de um suposto complô para sabotar a votação.
Cerca de uma hora após a abertura das urnas, uma dezena de eleitores era vista do lado de fora do maior centro de votação do país, localizado na capital – um contraste marcante com as centenas que faziam fila no mesmo horário na eleição presidencial de 28 de julho. Uma presença policial reforçada era notável em Caracas, com viaturas com luzes acesas pontilhando bairros antes tranquilos.
Oposição Denuncia Legitimidade do Pleito
A principal frente da oposição argumenta que a participação neste pleito legitima o governo de Maduro e sua máquina repressiva. Desde as eleições de julho, o governo já prendeu mais de 2 mil pessoas, incluindo manifestantes, mesários, ativistas e até menores, em uma estratégia para silenciar críticos.
Apesar do boicote e da baixa participação, o partido no poder já proclama uma vitória esmagadora em todo o país, um padrão observado em eleições regionais anteriores, independentemente da adesão da oposição.
Uma pesquisa nacional realizada entre 29 de abril e 4 de maio pela empresa Delphos, sediada na Venezuela, revelou que apenas 15,9% dos eleitores expressaram alta probabilidade de votar neste domingo. Dentre esses, 74,2% disseram que votariam em candidatos do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seus aliados, enquanto 13,8% indicaram voto em candidatos associados a dois líderes da oposição que não aderiram ao boicote.
“Acho isso absolutamente desprezível”, declarou o oposicionista Humberto Villalobos no sábado (24), referindo-se à participação de alguns membros da oposição. “Estamos enfrentando a repressão mais brutal dos últimos anos no país. (A votação) é uma comédia, uma paródia.”
Villalobos, que foi chefe da divisão eleitoral da líder da oposição Maria Corina Machado, buscou refúgio em um complexo diplomático em Caracas em março de 2024, juntamente com outros cinco opositores, para evitar a prisão. Ele passou mais de um ano lá e, no sábado, falou publicamente pela primeira vez desde que deixou o complexo e chegou aos Estados Unidos no início deste mês.
O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, que se encontrou com o grupo na sexta-feira (23), descreveu a saída do complexo como uma “operação de resgate internacional”. A afirmação foi contestada pelo Ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, que alegou que a decisão foi resultado de uma negociação com o governo.
Pouco Impacto na Vida da População
O Conselho Eleitoral Nacional, alinhado ao partido governista, está supervisionando a eleição para legisladores estaduais, 285 membros da Assembleia Nacional unicameral e todos os 24 governadores, incluindo o recém-criado governo para administrar Essequibo, uma região disputada entre a Venezuela e a vizinha Guiana.
No entanto, na Venezuela de Maduro, os resultados deste domingo devem ter pouco impacto na vida da população, já que seu governo altamente centralizado controla praticamente tudo em Caracas. O governo também tem histórico de reprimir a oposição, desqualificando candidatos após eleições ou nomeando membros leais para supervisionar cargos ocupados por oponentes, tornando-os impotentes.
Vale lembrar que, após a oposição conquistar o controle da Assembleia Nacional em 2015, Maduro criou uma eleição para membros de uma Assembleia Constituinte em 2017. Esse órgão, controlado pelo partido no poder, declarou-se superior a todos os outros poderes do governo até deixar de existir em 2020.
