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O chefe do organismo de vigilância nuclear da ONU, Rafael Grossi, afirmou nesta segunda-feira (23) que o bombardeio americano provavelmente causou danos “muito significativos” nas áreas subterrâneas da usina de enriquecimento de urânio de Fordow, no Irã, escavadas em uma montanha. Contudo, ele ressaltou que ninguém pode ainda determinar a extensão real dos danos.
Grossi também se referiu à possível transferência de material sensível antes dos bombardeios dos Estados Unidos. “A Junta deve ter conhecimento de uma carta que me enviou o ministro de Assuntos Exteriores (iraniano), Dr. Abbas Araghchi, em 13 de junho, na qual ele menciona que Irã, e cito textualmente, ‘adotará medidas especiais para proteger os equipamentos e materiais nucleares’”, revelou o diretor-geral do OIEA.
O funcionário argentino advertiu o regime iraniano no mesmo dia que “qualquer transferência de material nuclear de uma instalação protegida para outro local no Irã deve ser declarada à agência, conforme exigido pelo acordo de salvaguardas do Irã”. Não está claro, portanto, se o regime realizou essa transferência de equipamentos e materiais nucleares sem informar o OIEA.
Estado das Centrais Nucleares do Irã e Preocupações com Estoques de Urânio
Os Estados Unidos lançaram no domingo (22) as maiores bombas convencionais de seu arsenal sobre instalações nucleares iranianas, utilizando pela primeira vez em combate essas munições antibunkers para tentar eliminar locais como a planta de enriquecimento de urânio de Fordow, escavada em uma montanha.
“Neste momento, ninguém, nem mesmo o OIEA, está em condições de avaliar completamente os danos subterrâneos em Fordow”, disse Grossi em uma declaração perante uma reunião de emergência da Junta de Governadores de 35 nações do Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA). O OIEA não conseguiu realizar inspeções no Irã desde que Israel iniciou seus ataques militares contra instalações nucleares no país em 13 de junho.
“Dada a carga explosiva utilizada e a natureza extremamente sensível às vibrações das centrífugas, espera-se que tenham ocorrido danos muito significativos”, acrescentou Grossi.
Além do nível de danos causados às salas de enriquecimento subterrâneas de Fordow, uma das maiores questões em aberto é o estado de seus estoques de urânio enriquecido, em particular seus mais de 400 quilogramas de urânio enriquecido a 60% de pureza, muito perto dos aproximadamente 90% necessários para armas. Isso é suficiente, se enriquecido ainda mais, para fabricar nove armas nucleares, de acordo com um critério do OIEA, embora o Irã diga que suas intenções são pacíficas e que não busca bombas atômicas.
“Para alcançar a garantia de longo prazo de que o Irã não adquirirá uma arma nuclear, e para a contínua eficácia do regime global de não proliferação, devemos voltar às negociações”, sentenciou Grossi.
Ele reiterou que “A Junta deve ter conhecimento de uma carta que me enviou o ministro de Assuntos Exteriores (iraniano), Dr. Abbas Araghchi, em 13 de junho, na qual ele menciona que Irã, e cito textualmente, ‘adotará medidas especiais para proteger os equipamentos e materiais nucleares’. Em minha resposta desse mesmo dia, indiquei que qualquer transferência de material nuclear de uma instalação protegida para outro local no Irã deve ser declarada à agência, conforme exigido pelo acordo de salvaguardas do Irã, e expressei minha disposição a colaborar com Irã neste assunto”, concluiu Grossi.
