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Pelo menos 78 pessoas morreram e dezenas continuam desaparecidas após inundações devastarem o centro-sul do estado do Texas, nos Estados Unidos. A principal causa da tragédia foi a cheia repentina do rio Guadalupe, que atingiu níveis históricos após intensas chuvas na tarde de sexta-feira (4).
O condado de Kerr, a leste de San Antonio, foi o mais afetado, com 68 mortes confirmadas — entre elas, 28 crianças e adolescentes. O xerife Larry Leitha Jr. afirmou que as equipes de resgate continuam trabalhando para localizar os desaparecidos. “Seguimos centrados em localizar as pessoas desaparecidas”, disse em entrevista coletiva.
As operações contam com apoio terrestre, aéreo, aquático e canino. O chefe do Departamento de Gestão de Emergências do Texas, Nim Kidd, garantiu que os esforços se estenderão por todo o curso do rio Guadalupe: “Não vamos parar até encontrar todos”, afirmou.
Outras mortes foram registradas nos condados de Travis (4), Burnet (3), Kendall (1) e Tom Green (1). Há pelo menos 13 desaparecidos apenas em Travis. Algumas vítimas estavam na região para celebrar o feriado do 4 de Julho.
Tragédia em acampamento cristão
Um dos focos de maior preocupação é o acampamento cristão Mystic, às margens do rio Guadalupe, onde 750 meninas estavam hospedadas. Pelo menos 11 menores e algumas monitoras seguem desaparecidas. O diretor do acampamento, Dick Eastland, está entre os mortos.
Imagens da região mostram veículos submersos, estruturas colapsadas e cabanas inundadas. Equipes de resgate enfrentam troncos, lama e destroços na busca por sobreviventes. Famílias tiveram acesso ao entorno do acampamento no domingo de manhã, enquanto máquinas pesadas removiam entulhos e árvores presas nas margens do rio, em meio a uma nova tempestade.
Segundo o administrador da cidade de Kerrville, Dalton Rice, mais de 850 pessoas foram retiradas de suas casas e levadas a abrigos temporários.
Chuvas acima do previsto
De acordo com o Serviço Meteorológico Nacional (NWS), mais de 300 milímetros de chuva caíram em apenas 12 horas. Em Hunt, o rio Guadalupe chegou a 9,9 metros de altura — a segunda maior marca registrada na região.
“O volume de chuva foi o dobro do previsto. As previsões estavam erradas”, admitiu Rice.
O NWS alertou para a possibilidade de novas chuvas intensas, com até 10 centímetros por hora em áreas já saturadas. Alertas de inundação seguem ativos em ao menos dez localidades, e mais de 100 mil pessoas foram orientadas a buscar terrenos elevados. “Se estiver perto de um possível transbordamento, vá imediatamente para um local mais alto”, alertou o serviço nas redes sociais.
Governo declara estado de desastre
O governador do Texas, Greg Abbott, declarou estado de desastre e solicitou apoio federal. O presidente Donald Trump expressou solidariedade por meio da rede Truth Social: “Texas fará tudo o que for possível para garantir que todas as pessoas desaparecidas sejam encontradas”.
Na sequência, Trump anunciou a assinatura da Declaração de Grande Desastre para o condado de Kerr. “Acabo de assinar a declaração para garantir que nossos valentes serviços de emergência tenham os recursos de que precisam imediatamente”, afirmou.
A secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, visitou a região e garantiu o empenho do governo federal. Ao todo, foram mobilizados 500 socorristas, 14 helicópteros, além da Guarda Nacional e da Guarda Costeira do Texas.
Riscos sanitários e crise climática
As autoridades também enfrentam problemas com a contaminação da água por gasolina e produtos químicos. O fornecimento de água potável será temporariamente substituído por fontes subterrâneas. A população foi orientada a evitar circular na região oeste do condado de Kerr, salvo em casos urgentes ou se forem moradores locais.
As inundações não são novidade na região: em junho, 13 pessoas morreram em San Antonio em evento similar. No entanto, especialistas apontam o agravamento dos fenômenos climáticos. “As chuvas extremas estão se tornando mais comuns, e os sistemas de drenagem não dão conta da intensidade”, alertam cientistas.
Enquanto equipes de emergência continuam as buscas, famílias aguardam informações em centros comunitários e abrigos. Moradores iniciaram ações de limpeza, recolhendo lama e destroços, mas as autoridades pedem cautela e que voluntários sigam as instruções dos profissionais.
Novas atualizações devem ser divulgadas ao longo do domingo. A prioridade, reforçam as autoridades, é localizar os desaparecidos e evitar mais vítimas. O desastre escancarou as vulnerabilidades de uma região cada vez mais exposta aos efeitos das mudanças climáticas.
