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Mulheres que utilizam a pílula anticoncepcional combinada podem ter um risco significativamente maior de sofrer acidente vascular cerebral (AVC) do tipo isquêmico, segundo um estudo apresentado na conferência da European Stroke Organisation, realizada em Helsinque, na Finlândia. A pesquisa, liderada pela neurologista Mine Sezgin, da Universidade de Istambul, apontou que o risco de AVC criptogênico — aquele sem causa identificável — é até três vezes maior entre usuárias do método contraceptivo.
A análise foi feita com 268 mulheres entre 18 e 49 anos que haviam sofrido esse tipo de AVC, em comparação com outras 268 mulheres sem histórico da condição. Após ajustes por idade e outros fatores de risco, os pesquisadores mantiveram a associação elevada entre o uso do anticoncepcional e o AVC, mesmo entre mulheres sem histórico de hipertensão, enxaqueca ou obesidade.
“Os dados reforçam evidências anteriores e sugerem a necessidade de avaliar com mais cuidado o uso da pílula, principalmente em mulheres com fatores de risco para AVC”, afirmou a Dra. Sezgin. Segundo ela, a relação permanece forte mesmo quando outros fatores são considerados, indicando que pode haver mecanismos genéticos ou biológicos ainda não compreendidos.
Apesar dos resultados, especialistas independentes pedem cautela e alertam que mulheres não devem interromper o uso do anticoncepcional sem orientação médica. Destacam, ainda, que o risco absoluto de um AVC em mulheres jovens e saudáveis continua sendo muito baixo — menor, inclusive, do que durante a gravidez, que também aumenta a probabilidade de AVC.
Atualmente, mais de 100 milhões de mulheres no mundo fazem uso da pílula anticoncepcional combinada, que contém os hormônios estrogênio e progesterona. No Reino Unido, cerca de 3,1 milhões de mulheres utilizam o método, embora dados do NHS indiquem uma queda no número de usuárias nos últimos dez anos: de 420 mil em 2012 para pouco mais de 126 mil em 2023.
Além de prevenir a gravidez com eficácia superior a 99% quando usada corretamente, a pílula também é receitada para tratar condições como menstruação intensa, endometriose, acne e síndrome pré-menstrual. No entanto, já foi associada a outros problemas de saúde, como coágulos sanguíneos, infarto e alguns tipos de câncer. Efeitos colaterais mais comuns incluem náuseas, dores de cabeça, sangramento intermenstrual e sensibilidade nos seios.
