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As autoridades turcas confirmaram nesta terça-feira a detenção de pelo menos 1.133 pessoas durante os protestos em várias cidades do país pela prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, figura central da oposição e principal rival do presidente Recep Tayyip Erdogan nas eleições presidenciais previstas para 2028. As manifestações, iniciadas na quarta-feira passada após a detenção do líder social-democrata, resultaram em uma onda de distúrbios e uma forte resposta policial em pelo menos 55 das 81 províncias turcas.
O ministro do Interior, Ali Yerlikaya, informou que entre os detidos há pessoas acusadas de insultar o presidente e sua família durante um protesto realizado na noite de segunda-feira na Praça Saraçhane de Istambul, onde fica a sede da prefeitura. “Nossos serviços de segurança iniciaram imediatamente os procedimentos necessários após os vis insultos dirigidos contra nosso presidente, sua falecida mãe e sua família”, escreveu Yerlikaya na rede social X, onde chamou os detidos de “provocadores” e anunciou que as investigações para localizar mais suspeitos continuam em andamento.
Segundo o jornal BirGün, as 43 prisões por esses insultos foram efetuadas durante a manhã de terça-feira em operações realizadas em domicílios nas cidades de Istambul, Ancara, Esmirna e Eskisehir. Durante o protesto da noite anterior em Istambul, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, obrigando muitos a se refugiarem nas dependências da prefeitura. Em Antalya, os agentes utilizaram canhões de água e detiveram pelo menos 25 pessoas.
O prefeito Imamoglu foi detido na quarta-feira e enviado à prisão preventiva no domingo. A justiça turca o acusa de corrupção e suborno, embora a oposição considere que as acusações fazem parte de uma manobra política para impedir sua candidatura presidencial. No mesmo domingo, o Partido Republicano do Povo (CHP), principal força opositora, o elegeu como seu único candidato para as presidenciais de 2028 com o apoio de mais de 15 milhões de votos.
A prisão do prefeito de Istambul provocou uma reação social massiva. Os protestos se tornaram os maiores na Turquia desde as mobilizações do Parque Gezi em 2013. “Estudantes de universidades de Istambul e Ancara convocaram boicotes às aulas”, enquanto milhares de pessoas realizam panelaços e apagões coordenados de suas casas como forma de protesto.
Na noite de segunda-feira, milhares de pessoas marcharam do bairro de Besiktas até a sede municipal, conforme constatou um jornalista da AFP. As autoridades locais, como o governador de Istambul, Davut Gul, acusaram os manifestantes de “danificar mesquitas e cemitérios” e advertiram que não se tolerará nenhuma tentativa de alterar a ordem pública.
Organizações internacionais condenaram a resposta do governo. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, através de seu porta-voz, declarou que acompanha “muito de perto” a situação na Turquia e pediu que se garanta o direito à manifestação pacífica e a liberdade de imprensa. “É imperativo que se permita aos jornalistas fazer seu trabalho livremente, sem medo de assédio e detenção”, afirmou seu porta-voz Stéphane Dujarric.
A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou a detenção de pelo menos dez jornalistas na segunda-feira em Istambul e Esmirna por cobrir os protestos, incluindo um fotógrafo da AFP. “Pedimos a libertação dos jornalistas detidos”, declarou o representante da RSF na Turquia, Erol Önderoglu. Por sua vez, a ONG Anistia Internacional instou o governo turco a cessar o uso “cego e inútil da força” contra os manifestantes.
Da prisão de Silivri, Imamoglu enviou uma mensagem através de seus advogados, assegurando que não se renderá diante do que classificou como uma “execução política sem julgamento”. “Não retrocederei nem um milímetro. Vencerei esta guerra!”, afirmou.
O presidente Erdogan respondeu na segunda-feira em um discurso televisionado, acusando a oposição de “brincar com os nervos da nação” e de incitar grupos “marginais” contra a polícia. Enquanto isso, o governo solicitou o fechamento de mais de 700 contas na rede social X relacionadas à organização dos protestos, conforme informado pela própria plataforma.
(Com informações de EFE e Europa Press)
