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A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira a oitava fase da Operação Sisamnes, em Mato Grosso, que investiga um complexo esquema de corrupção judiciária e lavagem de dinheiro. A ação resultou no afastamento do juiz Ivan Lúcio Amarante, da 2ª Vara da Comarca de Vila Rica (MT), e no bloqueio de aproximadamente R$ 30 milhões em bens e valores ligados à suposta organização criminosa.
Os mandados de busca e apreensão e outras ordens judiciais estão sendo cumpridos no estado, inclusive com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). Além do afastamento do magistrado, o STF determinou a proibição de que ele deixe o país, com o recolhimento de seu passaporte. Os bens e valores sequestrados agora se tornaram indisponíveis até a decisão final do processo, visando preservar o montante e evitar sua deterioração ou perda.
As investigações apontam para um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro, montado para dissimular pagamentos milionários de propinas. Em troca, eram proferidas decisões judiciais por magistrados vinculados ao Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJMT).
O elo com o assassinato de Roberto Zampieri
A atual fase da Operação Sisamnes ganha um novo capítulo após a prisão de cinco homens pela morte do advogado Roberto Zampieri, ocorrida em dezembro de 2023. Zampieri atuava em causas de disputas milionárias de terras em Mato Grosso e, segundo as investigações, possuía ótima relação com desembargadores e autoridades do Judiciário, com indícios de negociações de decisões judiciais.
A morte do advogado foi o ponto de partida para aprofundar a investigação sobre a corrupção no Judiciário. O celular de Zampieri, apreendido na cena do crime, tornou-se peça-chave. Fontes da investigação revelam que o empenho da viúva de Zampieri em recuperar o aparelho chamou a atenção da Justiça.
Em um desdobramento que acendeu um alerta, o juiz do TJMT, Wladymir Perri, confiscou o conteúdo extraído do celular da vítima pela Polícia Civil e colocou todo o processo sob sigilo. Preocupado com um possível descarte de provas, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) interveio, determinando que a polícia acompanhasse a extração das cópias dos materiais apreendidos, garantindo a preservação e o encaminhamento das provas à corregedoria, com a proibição de descarte.
Expansão do esquema para Cortes Superiores
As investigações da Polícia Civil de Mato Grosso, que inicialmente revelaram a existência de um grupo armado de militares aposentados e a venda de sentenças, evoluíram e escalaram para as Cortes Superiores.
Com o avanço das apurações, o lobista Andreson de Oliveira, sócio e parceiro de Zampieri nas negociações com o Judiciário, tornou-se alvo de operações da PF em seus endereços em Cuiabá e Brasília. O escândalo de venda de sentenças começou a migrar para a capital federal, atingindo inclusive o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde assessores de ministros foram afastados e o próprio lobista Andreson foi preso.
A Operação Sisamnes continua desvendando as ramificações de um esquema que, além de envolver corrupção judicial, parece ter conexões com crimes graves como o assassinato de um advogado, revelando a complexidade e a profundidade da rede criminosa.
