RFI- Eurodeputados e representantes dos países da União Europeia (UE) alcançaram na madrugada desta quarta-feira (21) um acordo para a redução de pelo menos 55% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030. O anúncio é feito na véspera da Cúpula do Clima, organizada virtualmente pelo presidente americano, Joe Biden.
O acordo, que foi anunciado após 14 horas de reunião, abre caminho para que a UE alcance uma redução de até 57% das emissões, em comparação com 1990, levando em consideração o compromisso da Comissão Europeia de desenvolver poços naturais de absorção de carbono”, como florestas e prados. O compromisso será incorporado a uma Lei do Clima para toda a UE, atualmente em preparação.
“É um momento histórico. O acordo reforça nossa posição no mundo como líder do combate contra a crise climática”, comemorou Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia.
O presidente do Comitê de Meio Ambiente no Parlamento Europeu, o eurodeputado liberal Pascal Canfin, destacou que “o Parlamento estava obviamente disposto a ir ainda mais longe, mas o compromisso alcançado é ambicioso”. Portugal, que ocupa a presidência rotativa da UE, também saudou “um sinal forte enviado ao mundo inteiro”.
Delicada negociação diplomática
A meta é resultado de uma delicada negociação diplomática entre os países da UE, que em novembro estabeleceram o objetivo de uma redução de 55%, e do Parlamento Europeu, que defendia uma queda no volume de emissões de pelo menos 60%.
ONGs de defesa do meio ambiente apontam, no entanto, que a proposta inclui o risco de diminuir mecanicamente a verdadeira redução necessária nos setores mais poluentes. Além disso, alguns europedeputados também expressaram sua insatisfação com o acordo.
“A lei climática não está à altura de suas ambições. Em termos reais, isto é apenas uma redução de 52,8%. Não é o ‘Pacto Verde’ que a UE precisa (…) e é insuficiente em relação ao Acordo de Paris”, declarou o eurodeputado alemão Michael Bloss.
Cúpula virtual sobre o clima
A UE desejava alcançar um acordo para apresentar na reunião de cúpula global virtual sobre o clima, que começará na quinta-feira (22), convocada por Biden e com presenças confirmadas, entre outros, dos presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin. Durante a reunião, o governo dos Estados Unidos deve apresentar as metas de reduções das emissões até 2030.
“A UE está claramente mais preocupada em ter alguma coisa para mostrar na cúpula de Biden do que com o clima. (…) As gerações mais jovens enfrentarão consequências desastrosas”, afirma a ativista do Greenpeace, Silvia Pastorelli.
A UE promete que até o final de 2022 cerca de 50 leis europeias sobre o clima serão modificadas, no setor de automóveis, biodiversidade, pesticidas, plástico, entre outros. Diante dos lobbies das empresas, a Comissão Europeia se compromete a verificar que os textos permaneçam alinhados com o objetivo de redução de 55% de emissões. O trabalho será realizado por 15 especialistas independentes, que ajudarão a elaborar relatórios sobre o tema.
Os eurodeputados estimam que o objetivo da neutralidade do carbono deve ser aplicado coletivamente a todo o bloco e não a cada país de forma individual, contrariamente ao que desejava o Parlamento Europeu. A questão é polêmica ainda entre alguns Estados, especialmente a Polônia, ainda muito dependente do carvão.
