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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, criticou o acordo firmado na COP29, que compromete o investimento de US$ 300 bilhões anuais no combate às mudanças climáticas. Embora o valor tenha sido bem abaixo do pleito dos países em desenvolvimento, como o Brasil, que buscavam um montante de US$ 1,3 trilhão, Guterres reconheceu que o acordo oferece uma base para avanços futuros.
“Um acordo na COP29 era absolutamente essencial para mantermos o limite de 1,5ºC [de aquecimento] vivo. E os países entregaram isso”, afirmou Guterres em comunicado oficial. “Esperava um resultado mais ambicioso — tanto financeiro quanto na mitigação — para abordar o grande desafio que enfrentamos. Mas esse acordo fornece uma base sobre a qual podemos construir”, completou.
Apesar da frustração com a quantia definida, Guterres enfatizou que o acordo deve ser “honrado por completo e a tempo”. Ele destacou que “compromissos devem rapidamente virar dinheiro” e apelou para que “todos os países se juntem para garantir que esse objetivo seja cumprido”. Para o secretário-geral, o financiamento é a “prioridade número um” na luta contra a crise climática.
O chefe da ONU ainda comentou sobre o cenário desafiador que marcou 2023. “Foi um ano brutal”, afirmou, referindo-se aos recordes de temperatura e desastres climáticos observados em várias partes do mundo. Ele também mencionou a contínua elevação das emissões de gases de efeito estufa, que aceleram o aquecimento global. “Emissões continuam crescendo”, lamentou, ressaltando a necessidade urgente de ação global.
Guterres alertou especialmente para a situação dos países em desenvolvimento, que enfrentam “dívidas esmagadoras” e sofrem com desastres naturais, além de estarem “deixados para trás na revolução da energia renovável”. “Esses países estão desesperadamente precisando de fundos”, disse ele, pedindo um apoio mais robusto da comunidade internacional.
O secretário-geral também reconheceu a complexidade das negociações, em um “cenário geopolítico incerto e dividido”, e parabenizou os envolvidos pelo esforço em encontrar um consenso. “Cumprimento todos que trabalharam duro para construir consenso. Vocês mostraram que o multilateralismo — centrado no Acordo de Paris — pode encontrar um caminho em meio às questões mais difíceis”, afirmou Guterres. Ele apelou aos governos para que tratem o acordo como uma fundação e “construam algo sobre ela”.
Guterres também destacou duas prioridades essenciais no combate à crise climática. A primeira delas, segundo o líder da ONU, é que os países cumpram as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que estabelecem metas individuais para a redução das emissões de gases de efeito estufa. “Os países do G20, os que mais emitem, precisam liderar”, enfatizou, reforçando a urgência da transição energética e a inevitabilidade do fim da economia baseada em combustíveis fósseis.
A segunda prioridade, de acordo com Guterres, envolve o Pacto para o Futuro, um compromisso firmado durante a Cúpula do Futuro, realizada pela ONU em setembro. Ele pediu que os países entreguem “resultados efetivos” nesse pacto, com foco na melhoria do financiamento e no aumento da capacidade de empréstimo dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDBs), por meio de uma recapitalização adequada.
O comunicado também incluiu elogios às delegações, jovens e representantes da sociedade civil que pressionaram por mais ambição e justiça durante as negociações. “Continuem assim”, disse Guterres. “As Nações Unidas estão com vocês. Nossa luta continua. E nunca vamos desistir”, concluiu, reafirmando o compromisso da ONU com a causa climática e a busca por um futuro mais sustentável.