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A proposta do grupo terrorista Hamas de liberar dez reféns vivos e entregar os corpos de dezoito falecidos em troca da retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza gerou uma forte reação da diplomacia americana. O enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, classificou a resposta da organização extremista palestina como “totalmente inaceitável”, o que complica as chances de se alcançar um cessar-fogo de sessenta dias no enclave.
A postura do Hamas foi comunicada neste sábado (31) aos mediadores internacionais, no âmbito da última proposta de cessar-fogo impulsionada pelos Estados Unidos. O grupo terrorista, em comunicado, afirmou que sua contraproposta “busca alcançar um cessar-fogo permanente, uma retirada completa da Faixa de Gaza e garantir o fluxo de ajuda ao nosso povo e às nossas famílias”. Além disso, expressou sua disposição em liberar “10 reféns vivos e 18 falecidos como estava acordado”.
Reação americana e o caminho para a paz
A reação de Steve Witkoff foi imediata. Por meio da rede social X, o diplomata americano manifestou: “É totalmente inaceitável e só nos faz retroceder”, em referência à resposta do Hamas. Witkoff instou o grupo palestino a aceitar a estrutura da proposta americana como base para iniciar conversas de proximidade, que poderiam começar na próxima semana.
Segundo o enviado, “essa é a única maneira de fecharmos um acordo de cessar-fogo de 60 dias nos próximos dias, no qual metade dos reféns vivos e metade dos falecidos retornarão às suas famílias e no qual poderemos ter nas conversas de proximidade negociações substantivas de boa fé para tentar alcançar um cessar-fogo permanente”.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem reiterado em diversas oportunidades sua recusa em encerrar a ofensiva militar e, em março, anunciou que Israel manteria a ocupação do território em Gaza. A resposta do Hamas foi dada após consulta com outras facções palestinas, como a Jihad Islâmica, em busca de uma decisão consensual sobre a proposta americana apresentada por Witkoff.
Papel do Egito e a crise humanitária
No contexto das negociações, o Egito tem desempenhado um papel central como mediador, junto com o Catar e os Estados Unidos. O ministro das Relações Exteriores egípcio, Badr Abdelaty, solicitou neste sábado “garantias” para assegurar a sustentabilidade de qualquer acordo de trégua. Em uma coletiva de imprensa no Cairo, acompanhado por seu homólogo da Gâmbia, Mamadou Tangara, Abdelaty declarou: “Exortamos a fazer todo esforço possível, junto com os Estados Unidos, para que haja garantias que assegurem a sustentabilidade de um cessar-fogo”.
O chefe da diplomacia egípcia enfatizou que seu país, junto com o Catar e os Estados Unidos, está “pressionando com toda a força” para pôr fim ao que classificou como a “louca e absurda guerra” em Gaza. Abdelaty expressou seu desejo de que se chegue a um acordo “o mais rápido possível” e ressaltou a importância de que o cessar-fogo seja sustentável, para evitar a repetição de situações como a ocorrida após o acordo de 19 de janeiro, que foi quebrado por Israel em março ao retomar seus ataques em grande escala na Faixa.
A situação humanitária em Gaza continua crítica. Abdelaty insistiu na necessidade de que a ajuda humanitária entre no enclave palestino “de forma incondicional”, em meio ao que descreveu como uma catástrofe humanitária. Além disso, pediu a libertação dos reféns e de parte dos palestinos detidos em prisões israelenses. O ministro egípcio concluiu: “Nunca deixaremos de fazer esses esforços e esperamos que haja resultados positivos em breve”.
Pontos-chave da negociação
A proposta americana contempla a libertação de dez reféns vivos e dezoito corpos em duas fases, em troca de um cessar-fogo de sessenta dias.
O processo de negociação tem sido dificultado pela falta de consenso entre as partes e pela persistência de demandas incompatíveis. Enquanto o Hamas insiste em um cessar-fogo permanente e na retirada completa das forças israelenses, o governo de Netanyahu mantém sua postura de continuar a ofensiva e ocupar território em Gaza.
A situação dos reféns e dos prisioneiros palestinos constitui um dos pontos mais sensíveis da negociação. O fluxo de ajuda humanitária a Gaza é outro tema central. A proposta americana inclui a entrega imediata de assistência, embora a linguagem utilizada no documento seja pouco precisa. A insistência do Egito em que a ajuda deve entrar “de forma incondicional” reflete a gravidade da crise humanitária no enclave, onde a população civil enfrenta graves carências devido ao conflito.
A comunidade internacional observa com atenção o desenvolvimento das negociações. A pressão sobre o Hamas para que aceite a estrutura proposta pelos Estados Unidos tem se intensificado, enquanto o governo israelense mantém sua postura firme em relação à continuação da ofensiva. A possibilidade de se alcançar um cessar-fogo de sessenta dias depende da disposição das partes em ceder em suas demandas e da capacidade dos mediadores para garantir a implementação e sustentabilidade do acordo.
O futuro imediato da Faixa de Gaza e dos reféns em poder do Hamas permanece incerto. As negociações continuam sob a sombra da desconfiança mútua e da pressão internacional, em um contexto marcado pela urgência humanitária e pela persistência do conflito armado.
