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O Federal Reserve (Fed), em uma decisão muito aguardada, decidiu manter as taxas de juros de referência nesta quarta-feira (19), mas indicou que cortes são prováveis ainda este ano. A medida foi tomada diante de preocupações com o impacto das tarifas sobre uma economia em desaceleração. O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), responsável pela definição das taxas, manteve a taxa de juros alvo entre 4,25% e 4,5%, nível em que se encontra desde dezembro de 2022. Os mercados já haviam precificado praticamente nenhuma chance de alteração durante a reunião de política monetária de dois dias.
Além da decisão, os responsáveis atualizaram suas projeções de juros e crescimento econômico para este ano e até 2027, além de alterarem o ritmo de redução de suas participações em títulos. Apesar dos efeitos incertos das tarifas do presidente Donald Trump e da política fiscal ambiciosa com cortes de impostos e desregulamentação, os responsáveis indicaram que ainda preveem um corte adicional de meio ponto percentual nas taxas até 2025. O Fed tende a agir em incrementos de um quarto de ponto percentual, o que sugere dois cortes ainda este ano.
Em sua declaração pós-reunião, o FOMC destacou um nível elevado de incerteza quanto ao cenário econômico. “A incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou”, afirmou o comunicado. “O Comitê está atento aos riscos de ambos os lados de seu duplo mandato”, completou. O Fed tem como metas manter o pleno emprego e a inflação baixa.
O comitê revisou para baixo suas projeções de crescimento econômico, que agora prevê uma aceleração de apenas 1,7% este ano, 0,4 ponto percentual a menos em relação à estimativa de dezembro. Para a inflação, os preços básicos devem crescer 2,8% ao ano, 0,3 ponto a mais do que a previsão anterior.
A partir das expectativas de juros, a visão do Fed se tornou um pouco mais “hawkish” (restritiva) em relação a dezembro. Na reunião anterior, apenas um participante não via alterações nas taxas em 2025, agora são quatro. As projeções mantiveram expectativas de cortes em 2026 e 2027, antes de a taxa de juros se estabilizar em torno de 3% no longo prazo.
Além disso, o Fed anunciou uma redução no programa de “aperto quantitativo”, no qual está diminuindo gradualmente os títulos que mantém em seu balanço. Agora, o banco central permitirá que apenas US$ 5 bilhões provenientes de títulos do Tesouro venham a ser retirados a cada mês, redução significativa em relação aos US$ 25 bilhões anteriores. No entanto, o limite de US$ 35 bilhões para títulos lastreados em hipotecas permanece inalterado, um valor raramente atingido desde o início desse processo.
O governador do Fed, Christopher Waller, foi o único a votar contra a decisão do Comitê, preferindo a manutenção das taxas, mas com a continuidade do programa de aperto quantitativo como antes.
A medida ocorre em um momento tumultuado para a administração do presidente Donald Trump, que já implementou tarifas sobre aço, alumínio e diversos outros produtos de parceiros comerciais globais dos EUA. Além disso, a administração está ameaçando novas tarifas mais agressivas, com uma revisão programada para ser divulgada em 2 de abril.
O clima de incerteza diminuiu a confiança dos consumidores, que, em pesquisas recentes, aumentaram suas expectativas de inflação devido às tarifas. O gasto no varejo aumentou em fevereiro, embora menos do que o esperado, mas indicadores subjacentes mostram que os consumidores ainda estão enfrentando as dificuldades causadas pelo clima político instável.
