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Autoridades de saúde da União Europeia estão investigando se medicamentos como Ozempic, utilizados para perda de peso, podem estar relacionados à cegueira. Diversos estudos recentes associaram o uso desses medicamentos a uma condição que bloqueia o fluxo sanguíneo para os nervos dos olhos, o que pode resultar em perda de visão.
A investigação sobre o medicamento Ozempic, fabricado pela NovoNordisk e aprovado para tratamento de diabetes, começou após três pacientes, que utilizavam o remédio, serem diagnosticados com uma condição rara em uma semana, no início de 2023. Os médicos de Harvard, autores do estudo, publicaram em julho de 2023 suas conclusões, alertando que o Ozempic pode estar relacionado a um aumento de até duas vezes nos casos de neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NAION, na sigla em inglês).
Em dezembro, dois estudos realizados na Dinamarca, país sede da fabricante do medicamento, reforçaram essa ligação. Isso levou o governo dinamarquês a solicitar que a União Europeia investigasse mais a fundo a questão. O governo dinamarquês afirmou que os novos estudos “reforçam essa suspeita e podem trazer informações importantes que precisam ser avaliadas”.
A NAION ocorre quando o fluxo sanguíneo é interrompido para o nervo óptico, causando cegueira. A relação entre o semaglutídeo, substância ativa do Ozempic, e o aumento do risco de NAION ainda não está totalmente esclarecida, já que o medicamento atua principalmente imitando hormônios que controlam a fome.
Além da possibilidade de causar danos à visão, o Ozempic também recebeu advertências sobre o aumento do risco de tumores na tireoide, paralisia estomacal, náuseas, vômitos e desnutrição. Outros efeitos colaterais incluem problemas relacionados a pensamentos suicidas, disfunção sexual e queda de cabelo.
Estudos indicam que cerca de 6% da população americana está utilizando algum tipo de medicamento para perda de peso, o que corresponde a mais de 15 milhões de pessoas. NAION é uma condição rara, mas pode ocorrer devido a fatores como idade avançada, hipertensão, problemas nos vasos sanguíneos ou hábitos como o tabagismo. Estima-se que cerca de 6.000 americanos sejam afetados por ano.
Pesquisadores da Universidade do Sul da Dinamarca, em dois estudos separados, descobriram que o uso do semaglutídeo está associado ao aumento do risco de desenvolvimento de NAION. O primeiro estudo analisou mais de 424 mil dinamarqueses com diabetes, encontrando que o uso de Ozempic dobra o risco de NAION. Os resultados foram aceitos para publicação em uma revista científica. O segundo estudo comparou diabéticos que usavam Ozempic com aqueles que usavam outros medicamentos para controle da doença, e também apontou um aumento do risco, embora o risco absoluto adicional seja considerado baixo.
Apesar de os estudos ainda estarem em fase preliminar e não publicados oficialmente, os cientistas dinamarqueses acharam seus resultados suficientemente significativos para notificar as autoridades de saúde. A Agência Dinamarquesa de Medicamentos já vinha monitorando os casos de NAION relacionados ao Ozempic e solicitou que o Comitê de Avaliação de Riscos de Farmacovigilância da União Europeia investigasse a possível relação.
A fabricante NovoNordisk, por sua vez, refuta a ligação entre o medicamento e a perda de visão, afirmando que a análise dos estudos realizados não alterou o perfil de risco e benefício do semaglutídeo.
Nos Estados Unidos, a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) não revelou se está investigando a questão, mas emitiu um comunicado informando que as advertências no rótulo do Ozempic e Wegovy incluem complicações relacionadas à retinopatia diabética em pacientes com diabetes tipo 2.