A CPI da Covid começará os trabalho da semana nesta terça-feira (31) com uma mudança na agenda. Em vez do motoboy da empresa de logística VTCLog, a comissão deve ouvir a CEO da empresa, Andreia Lima.
A alteração foi motivada pela decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou que Ivanildo não seria obrigado a depor.
A VTCLog é responsável por fazer transporte de insumos como medicamentos e vacinas, incluindo as contra a Covid-19 para o Ministério da Saúde. Durante a pandemia, ela já transportou mais de 150 milhões de doses de vacina e entrou na mira da CPI por suspeita de irregularidades em um aditivo de R$ 18 milhões em um contrato atual com a pasta.
Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), responsável pelo requerimento de convocação do motoboy – que, apesar de possuir um salário em torno de R$ 2 mil, foi responsável por cerca de 5% de toda a movimentação atípica feita pela VTCLog – há chances de a empresa estar “no centro dos escândalos de corrupção” envolvendo o Ministério da Saúde.
Ainda na segunda-feira (30), Andreia, que já possuía o requerimento de convocação aprovado, foi convidada como opção caso Ivanildo utilizasse do seu direito de não comparecer. No fim da noite, porém, a cúpula da comissão se reuniu e decidiu ouvir apenas a CEO nesta terça-feira. O objetivo da definição seria ganhar tempo para o recurso contra a decisão do STF.
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que a VTCLog movimentou de forma suspeita R$ 117 milhões nos últimos dois anos. O nome de Ivanildo Gonçalves da Silva é citado várias vezes no documento, incluindo a identificação dos saques de montante milionário.
Saques de grandes quantias em espécie não são proibidos por lei, mas entidades reguladoras anticorrupção destacam que a prática pode ser indicativo de lavagem ou desvio de dinheiro.
De acordo com Randolfe Rodrigues, a comissão também solicitou um pedido de proteção com agentes da Polícia Federal (PF) ao motoboy, que estaria sendo ameaçado.
Segundo a defesa do Ivanildo, a convocação dele para a CPI foi feita de forma ilegal ao apurar ações ocorridas antes do período estipulado pela comissão. Ela também argumenta que a acusação teria como base supostamente apenas uma matéria divulgada pela imprensa.
A VTCLog já teve o sigilo fiscal quebrado pela CPI e enviou, após solicitação, todos os contratos e aditivos firmados com o Ministério da Saúde nos últimos anos.