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O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, no final da tarde desta quarta-feira (4), o julgamento de ações que discutem a responsabilização das redes sociais no Brasil pelos conteúdos publicados por seus usuários. A votação será retomada na quinta-feira (5). Até o momento, nenhum dos ministros votou. Os processos estão sob relatoria dos ministros Dias Toffoli e Luiz Fux.
Durante a sessão, o ministro Toffoli deu continuidade à leitura de seu voto iniciado na semana anterior, mas não o concluiu. Toffoli destacou a necessidade de regulamentação mais clara no ambiente digital e afirmou que “a ideia de que a internet é uma terra sem lei precisa ser superada”.
Impactos da Falta de Regulação
Em sua argumentação, o ministro apontou que a ausência de regulamentação nas redes sociais fomenta violências digitais. Ele listou como exemplos o cyberbullying, exposição indevida, stalking digital, fraudes, golpes, discursos de ódio, ataques discriminatórios, revenge porn (pornografia de vingança) e disseminação de fake news.
“Vivemos em um mundo de violência digital. Essa violência, de certa forma, é acobertada pelo artigo 19 do Marco Civil da Internet”, declarou Toffoli.
O artigo 19, em vigor desde 2014, prevê que plataformas digitais só podem ser responsabilizadas por conteúdos prejudiciais caso não removam o material após receberem uma ordem judicial específica. Toffoli criticou esse dispositivo, argumentando que ele oferece uma espécie de imunidade às empresas:
“A responsabilidade, pelo que está no artigo 19, só surge depois do descumprimento. Até então, não existe responsabilização.”
Debate sobre Liberdade e Responsabilidade
Outra questão central no julgamento é a responsabilidade dos provedores de internet pelo conteúdo gerado pelos usuários. Uma das ações analisadas sugere que as plataformas possam ser obrigadas a remover conteúdos ofensivos ou fraudulentos mediante notificação extrajudicial, sem a necessidade de decisão judicial prévia.
Toffoli também questionou a ideia de neutralidade das plataformas digitais. Segundo ele, muitas empresas adotam uma postura ativa na gestão do fluxo de informações, priorizando conteúdos que geram engajamento e, consequentemente, lucro.
“Os provedores não são meros intermediários. Pelo contrário, muitos atuam de forma intencional para gerir o fluxo informacional em seus ecossistemas.”
Implicações para o Jornalismo e Liberdade de Expressão
No que diz respeito ao impacto sobre conteúdos jornalísticos, Toffoli defendeu que blogs e plataformas digitais sigam as mesmas regras aplicáveis ao jornalismo impresso e radiofônico. Ele também reforçou que a aplicação da Lei de Imprensa deve excluir a responsabilidade das plataformas sobre comentários publicados por terceiros.
Repercussão Geral
O julgamento no STF tem repercussão geral, o que significa que a decisão tomada valerá como referência para todos os casos semelhantes no Brasil.