Apontado como favorito do presidente Jair Bolsonaro para assumir a próxima vaga no STF, o advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, tem feito um esforço para alavancar seu nome no Senado, onde sua indicação teria que ser aprovada.
De acordo com O Globo, Mendonça já se reuniu com cerca de 40 dos 81 membros da Casa e amanhã deverá ter um encontro com o grupo “Vanguarda”, formado por DEM, PL e PSC, que agrega 11 senadores no total.
Sem traquejo político, Mendonça enfrenta resistência por parte das duas maiores bancadas da Casa — o MDB, com 15 parlamentares, e o PSD, com 11 integrantes. O ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não têm Mendonça como opção preferencial.
A aprovação do AGU para o STF depende do aval de ao menos 41 senadores em votação secreta. Entre os membros da Casa com quem ele já se reuniu estão integrantes de siglas como PL, PSDB, DEM, PP e Podemos, mas nem todos saíram convencidos.
De acordo com o site, Mendonça foi à sede do PL há duas semanas para uma conversa com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, que foi preso no escândalo do Mensalão.
Mendonça tenta se viabilizar como candidato à Corte no lugar do ministro Marco Aurélio, que se aposenta no dia 12 de julho, quando completa 75 anos de idade.
Interlocutores do AGU minimizam a resistência e dizem que a recepção tem sido positiva no Senado após as conversas iniciais.
Na visão de pessoas próximas a Mendonça, Alcolumbre é quem apresenta a maior resistência à candidatura no momento. De acordo com relatos, o senador não recebeu Mendonça, o que evidenciou o desconforto entre eles.
No PSD, Mendonça foi recebido apenas por parte da bancada. A outra ala do partido se recusou a conversar com o postulante ao STF.
A avaliação desses senadores, ouvidos em caráter reservado pelo GLOBO, é que o atual advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro nunca procurou diálogo com o Senado e só agora, quando há interesse pela vaga no STF, é que tenta uma aproximação.
Há também no PSD os que ainda não foram procurados por Mendonça, como Ângelo Coronel (PSD-BA).
Até o momento, ele não se encontrou com caciques do MDB, que não escondem a preferência por outros candidatos. Para integrantes do maior partido do Senado, outros nomes teriam uma aceitação mais ampla na Casa como, por exemplo, Jorge Oliveira, ministro do TCU, e Augusto Aras, procurador-geral da República.
Os dois, porém, estão em desvantagem em relação ao AGU, que não só é evangélico como também é pastor, principais requisitos estabelecidos por Bolsonaro para indicar o próximo candidato ao STF.